segunda-feira, 6 de novembro de 2017

Autobiografia na Música - Kim Kehl & Os Kurandeiros - Capítulo 71 - Por Luiz Domingues

A nossa próxima apresentação ao vivo foi em um local inédito em nossa trajetória e inusitado, pelas suas instalações, sui generis, digamos assim. No entanto, não foi a primeira vez que apresentar-nos-íamos em um tipo de ambiente assim, não usual e ao ir além, recentemente havíamos passado por experiência semelhante e cujas atuações (foram duas vezes nessa casa que cito, a "Cervejaria da Granja"), eu comentei anteriormente. 

Desta feita, a empreitada seria realizada em um espaço criado pelo mandatário de uma padaria, localizada em um bairro da zona leste de São Paulo (Jardim Brasília), que por ser um entusiasta de Rock e música em geral, construiu um palco no estacionamento de seu estabelecimento e denominado: "Espaço Cultural Rock na Padoka", estava a produzir shows com bandas autorais do circuito underground, com regularidade. 

Ótimo, a ideia de haver um espaço assim com tal proposta dinâmica de produção aberta aos artistas outsiders do underground, por si só já mostrara-se muito animadora, mas ficou ainda melhor quando eu cheguei ao local e ao ser o primeiro da nossa banda a marcar presença, pude conversar bastante com o dono do estabelecimento, um rapaz apelidado como: "Poia" e o seu sócio no projeto, o divulgador e produtor musical, Marcos Paulo. 

Pude notar pelo entusiasmo de ambos, que a produção estava de vento em popa e sob uma segunda observação de minha parte, eu fiquei surpreendido pela estrutura física que montaram, com um palco espaçoso, coberto, a conter um PA, sistema de iluminação e que diante de casas que produzem shows a obrigarem os artistas a levarem tudo (até usina de força elétrica em alguns casos), realmente mostrara-se um alento.

No pré show, o nosso set a postos. Acervo e cortesia de Espaço Cultural Rock na Padoka. Click, acervo e cortesia: Marcos Paulo

Logo a seguir eu vi a aproximação do Carlinhos Machado e enquanto o ajudava a descarregar o seu automóvel, fui a contar-lhe que estava impressionado pela estrutura, que era simples, mas funcional e que os mandatários da casa eram muito hospitaleiros.

Encravado em um bairro longínquo da imensa zona leste de São Paulo, não surpreendeu-me por outro lado, aliás em nada, a questão da hospitalidade, pois sei de longa data que o calor humano advindo de comunidades mais simples da sociedade é sempre inversamente proporcional ao nariz empinado por parte de habitantes de bairros nobres da cidade (claro que eu sei que não se pode generalizar nem por um lado, quanto do outro). 

Já anoitecia quando Kim Kehl e Lara Pap estacionaram o seu carro. Montamos o equipamento e vimos com alegria que pessoas chegavam e ocupavam mesas. Não havia cobrança de ingresso ao público e a padaria obtinha o seu lucro no intenso movimento ali construído. 

Ótimo, banda feliz, dirigentes idem e um espaço Rock na cidade, democrático e gratuito a deixar o público também satisfeito. Além do fato de que ali tornava-se um polo para uma região carente de oportunidades e por ser bastante distante do centro da cidade, foi uma chance excelente para haver uma atividade cultural e ainda por cima, gratuita, com atrações marcadas para toda sexta e sábado.

Eu (Luiz Domingues) e o baixista superb, Fernando Tavares, que gentilmente veio prestigiar-nos no Espaço Cultural Rock na Padoka. Acervo e cortesia de Fernando Tavares. Click de sua esposa, Renata Tavares

Faltava pouco para iniciarmos a nossa apresentação quando eu notei a aproximação do baixista superb, Fernando Tavares, acompanhado de sua esposa. Fernando, tirante ser um virtuose, é um professor celebrado e foi por dois anos, o meu editor na revista "Bass Player", pela qual eu fui colaborador e foi para ele que eu enviava os meus textos brutos etc. 

Nesta fase envolvido com vários projetos (Banda "Apostrophe", Medusa Trio e na banda base do ex-"Recordando o Vale das Maçãs", o tecladista Lee Recorda), Fernando veio prestigiar-nos e logo a seguir o ótimo guitarrista, Adilson Oliveira que tocava com ele na banda de Lee Recorda, apareceu, também. 

Figura igualmente sensacional, Adilson é um guitarrista virtuose e também ministra aulas, além de ser um dos produtores da Webradio Stay Rock Brazil.

Os Kurandeiros em ação no Espaço Cultural Rock na Padoka de São Paulo, em 2 de setembro de 2017. Clicks: 1) Fernando Silveira; 2) Marinho MTB 3 e 4) Marcos Paulo

A nossa apresentação iniciou-se e infelizmente o PA da casa não deu vazão à nossa volúpia sonora e assim, na terceira música o Kim pediu desculpas ao público, que já era muito bom nessa altura e paramos para instalar o PA da banda, que era pequeno, mas bem prático a atender a nossa demanda primordial. 

Feito isso, praticamos três entradas com bastante qualidade e com resposta muito boa do público. Tanto nas canções autorais, quanto nas releituras que tocamos, a passearmos pelo Rock e Blues internacional, tudo funcionou bem e até a seleção de baladas sessenta-setentistas, agradou em cheio aos mais veteranos ali presentes, ao arrancar assovios e eu impressionei-me em ver que as pessoas cantaram conosco, sob certa comoção, eu diria.

"Caroline" (Status Quo), no Espaço Cultural Rock na Padoka, de São Paulo, em 2 de setembro de 2017

Eis o Link para assistir no YouTube:
https://www.youtube.com/watch?v=6tf1oN1tzeI
"Faz Frio" (Kim Kehl), no Espaço Cultural Rock na Padoka, de São Paulo, em 2 de setembro de 2017.

Eis o Link para assistir no YouTube:
https://www.youtube.com/watch?v=OMR2Gb77j3M
Os Kurandeiros em ação no Espaço Cultural Rock na Padoka, de São Paulo, em 2 de setembro de 2017. Foto1) Kim Kehl a conversar com o público. Foto 2) A banda a agradecer ao público no final. E na foto 3, o simpático coprodutor do projeto, Marcos Paulo, ao lado de Kim Kehl. Acervo e cortesia de Espaço Cultural Rock na Padoka. Clicks de Poia

Em suma, foi uma ótima apresentação e que abriu caminho para novas investidas futuras nesse prazeroso espaço no qual fomos muito bem tratados. Noite do dia 2 de setembro de 2017, com seguramente mais de cem pessoas a assistirem-nos.

Passado o show agradável realizado no Espaço Cultural Rock na Padoka, voltamos a um outro espaço que recentemente abrira as suas portas para nós e mesmo que tenha sido algo recente, já havíamos habituado-nos a tocarmos ali e sermos muito bem recepcionados, igualmente. 

E lá estivemos nós no Rockers Self Garage, a bela garagem das motos, encravada no bairro da Saúde, na zona sul de São Paulo. Desta feita, haveria uma festa na casa e portanto, abriu-se uma perspectiva boa de haver um público mais numeroso.

Os Kurandeiros em ação no Rockers Self Garage de São Paulo, em 15 de setembro de 2017. Clicks: Foto 1) Lara Pap. Fotos 2 e 3) Regina de Fátima Galassi

E foi o que ocorreu, com um contingente maior e bem animado. Uma surpresa agradável, o amigo Victor D'Avilla apareceu acompanhado de sua esposa e filho e foi agradabilíssimo poder conversar com ele, visto ser um apoiador de meus Blogs há muito tempo nas redes sociais da internet. Vocalista de uma banda de Heavy Metal, Victor é um rapaz culto, inteligentíssimo e muito bem articulado, portanto, a conversa foi muito boa, certamente.
"Close to You" (Burt Bacharach/ Hal David), no Rockers Self Garage de São Paulo, em 15 de setembro de 2017. Filmagem de Regina de Fátima Galassi

Eis o Link para assistir no YouTube:
https://www.youtube.com/watch?v=Ri9jr1T7jqo 

"Superstar" (Leon Russell/Bonnie Bramlett), no Rockers Self Garage de São Paulo, em 15 de stembro de 2017. Filmagem de Regina de Fátima Galassi

Eis o Link para assistir no YouTube:
https://www.youtube.com/watch?v=myqqnFiFzGA

"Caroline" (Status Quo) (trecho), no Rockers Self Garage de São Paulo, em 15 de setembro de 2017. Filmagem de Regina de Fátima Galassi

Eis o Link para assistir no YouTube:
https://www.youtube.com/watch?v=oz1GRug4u_Q

"Born to Be Wild" (Steppenwolf), no Rockers Self Garage de São Paulo, em 15 de maio de 2017

Eis o Link para assistir no YouTube:
https://www.youtube.com/watch?v=oz1GRug4u_Q
Os Kurandeiros em ação no Rockers Self Garage de São Paulo, em 15 de setembro de 2017. Click, acervo e cortesia de Regina de Fátima Galassi
 
Noite de 15 de setembro de 2017, no Rockers Self Garage de São Paulo, com mais de cem pessoas eufóricas no recinto.
A próxima novidade, foi no campo discográfico. Uma coletânea a conter várias faixas inéditas, provenientes de formações anteriores e material da minha formação, incluso, estava pronta para ser lançada pelos Kurandeiros, oficialmente. Uma surpresa boa a reforçar a minha discografia e claro que animei-me muito quando o Kim anunciou-nos o seu plano de lançar tal compilação. Falo sobre isso no próximo capítulo.

Continua...

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