quarta-feira, 1 de novembro de 2017

Autobiografia na Música - Kim Kehl & Os Kurandeiros - Capítulo 65 - Por Luiz Domingues

E para coroar um bom mês para a banda, eis que uma resenha do nosso novo disco saiu publicada na Revista "Roadie Crew", edição nº 220, de maio de 2017. 

Um acontecimento muito normal em tempos passados, nessa fase foi até inusitado contar com uma peça dessas no portfólio, em uma época onde a mídia impressa tradicional estava muito enfraquecida e no meu caso, particularmente, desacostumei-me completamente com tal tipo de ocorrência. 

Para ter-se uma ideia, nos últimos anos, todo ou quase todo o portfólio pessoal que eu arregimentara, fora conquistado com material virtual, como "flyers" e "cartazes de shows" e/ou links com reportagens virtuais. Tudo bem, fiquei contente e assim que eu recebi a notícia, fui à banca mais próxima e adquiri um exemplar da citada revista, a conter a resenha.

Isso tudo que estou a comentar aqui no relato autobiográfico, eu cheguei a abordar com os companheiros da banda, na época, que também concordaram comigo, visto que o material impresso tradicional, tornara-se raro nos últimos tempos, com a aceleração das relações virtuais e assim, as formas antigas de divulgação a serem tratadas como recursos obsoletos. 

Bem, não tenho nada contra a modernidade e a inevitável troca de hábito de se lidar com os formatos com os quais interagimos com o jornalismo em geral, mas confesso, o prazer recôndito de ir a uma banca e comprar uma revista impressa cuja edição contenha uma reportagem/resenha/entrevista ou qualquer tipo de ocorrência em que haja uma citação a um trabalho meu, é inalterável, por isso, claro que apreciei a oportunidade.

Bem, a revista mantinha a sua tradição forte no mundo do Heavy-Metal, predominantemente e ao longo da minha autobiografia, citei-a várias vezes, pois mesmo que eu não fizesse parte desse universo e pelo contrário, a nutir aversão declarada por tal vertente, desde a minha estada na Patrulha do Espaço, e ao passar pelo Pedra, a revista sempre resenhou com muito respeito, discos dessas bandas pelas quais eu atuei, além de ter publicado matérias em tom de retrospectiva, a abordar trabalhos mais antigos, tais como sobre A Chave do Sol e Pitbulls on Crack, com uma galhardia ímpar. 

E no caso d'Os Kurandeiros, mesmo a nossa banda sendo também fora desse espectro de seu público leitor padrão, mostrou-se mais uma vez respeitosa ao extremo ao reconhecer os nossos méritos artísticos, mesmo não sendo o tipo de artista alvo de sua atenção.

Claro, muito por que tal resenha fora assinada por Antonio Carlos Monteiro, o popular, Tony Monteiro, um jornalista que eu muito admiro e que reputo ser um dos melhores do Brasil no âmbito do jornalismo cultural/musical em geral e crítico de Rock. 

Expert no assunto, isento, e muito bom redator, com texto de alto nível, Tony tem minha inteira confiança, respeito e admiração por seu trabalho.

Eis a descrição do que o ótimo Tony Monteiro falou sobre o nosso EP:

Pra quem não está ligando o nome à pessoa, Kim Kehl é um veterano guitarrista, que já passou pelo Made in Brazil, nos anos 80, e antes disso montou o grande Lírio de Vidro. Já há alguns anos, mantém o grupo, Os Kurandeiros, que conta com o não menos veterano, Luiz Domingues (A Chave do Sol, Pitbulls on Crack, Patrulha do Espaço, Pedra) e Carlinhos Machado na bateria. Seja Feliz, seu mais novo trabalho, é um EP de apenas três músicas, mas que mostra toda a versatilidade de Kim & asseclas. O Rockão básico, A Noite Inteira, com a convidada Tata Martinelli na voz principal, é aquilo que se espera de Kim : tema direto, com linha de guitarra e refrão grudentos. Faz Frio leva você direto aos anos 70, época em que as baladas faziam sentido e contavam com arranjos elaborados sem ficarem melosas. Fecha a bolacha O Filho do Vodu, um Hard setentista que mostra que o trio se sai bem também nos temas mais pesados. Timbres irretocáveis, produção correta, músicas bacanas. Só pra você ver do que a experiência e o talento são capazes.

Antonio Carlos Monteiro

Bem, a resenha foi sucinta, e bem objetiva ao realçar a banda em pontuais observações. O recado foi dado com muito respeito e acho que passou ao leitor usual dessa publicação, que é formado por adolescentes aficionados do Heavy Metal, basicamente, uma ideia do que é o nosso trabalho versado pelo Blues-Rock tradicional e muito longe da compreensão deles que tendem a achar que o Rock é apenas o Heavy-Metal e por desconhecerem a história, retumbantemente. 

O fato de que ao ofertar-nos a nota com cotação em 7,5 acredito que dentro da realidade da revista, possa ser considerada uma nota altíssima, visto que as resenhas ali costumam dar notas mais altas aos expoentes do Hravy-Metal e por coerência, não haveria cabimento em nivelar-nos sob um patamar mais alto do que o espectro de artistas que eles geralmente valorizam, com o Metal em predominância.

 

Em suma, fiquei muito contente com a publicação, sobretudo pelas impressões do Tony Monteiro ao longo de sua resenha, e a nota muito boa ante as questões que eu já expliquei anteriormente e por mais um motivo para orgulhar-me: não é nada fácil a ter uma carreira tão longeva, a ostentar passagem por tantas bandas ao longo dos anos e mesmo assim, ter a oportunidade de ler resenhas publicadas de discos lançados, por praticamente todas as bandas por onde atuei e mais raro ainda, assinadas por um mesmo jornalista. 

Portanto, que ótimo ter mais uma resenha assinada pelo amigo Tony Monteiro, que acompanha-me desde os anos 1980, ao ter publicado resenhas de discos lançados pelas bandas A Chave do Sol, Pitbulls on Crack, Patrulha do Espaço e Pedra, anteriormente e agora a culminar com essa resenha sobre o EP "Seja Feliz", d'Os Kurandeiros a reforçar a lista. Seja feliz, sou feliz, estou feliz por tudo isso.

Em junho de 2017, tivemos uma boa agenda e com direito a uma nova casa, inédita para nós e inusitada pela sua configuração estrutural. Falo disso a seguir.

Continua... 

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