domingo, 1 de janeiro de 2017

Um Monte de Coisa - Por Tereza Abranches

Hoje resolvi que não sei de nada, que não entendi e não entendo nada, que vivo viajando pra cima e pra baixo na nave mãe.

Um não saber absurdo e incorreto politicamente... será? 

-Não sei se é ou não é porque não entendo nada mesmo...



Hoje faço questão de ter cara de parede, de ficar rodando até ficar tonta (quando a gente faz isso e para, fica tentando se equilibrar e olhando de lado, procurando achar o prumo).

Que não me peçam bom senso, cenho franzido de gente apressada ou sem pressa até, mas de cenho franzido mesmo assim... vai entender. Que não me peçam responsabilidade e muito menos ainda, educação. Sim, hoje eu quero fazer careta pro passarinho pousado no muro só porque não é certo fazer careta pra passarinho.

Quero correr pra chuva, só porque existem trilhões de guarda-chuvas pelo mundo (gente que cresceu tem medo de se molhar). 

Eu, hein !

Quero achar uma praia bem longe, tão longe que o único ruído que eu escute seja das ondas que lambem a areia molhada e a única marca que exista seja a marca dos meus pés... ou das minhas mãos, se eu resolver andar plantando bananeira e cantando bem alto "cara caramba cara caraô", liberta dos olhares desconfiados com que me olhariam se pudessem me ver, mas eu vou estar bem longe, rolando na areia fina, me colorindo de branco, com o cabelo todo emaranhado de areia e  concha.



Hoje, não entendo nada.

E por não entender nada, vou gritar um palavrão bem alto (um qualquer que a gente não fala na frente de pai e mãe) e, com as mãos na cintura, rebolar bastante, fazendo mais careta, mas essa não é pro passarinho não, essa é pra uma flor bem bonita - porque também é falta de educação fazer careta pra flor.

E tem muito mais coisa que resolvi fazer hoje e fiz, mas acho que não vai interessar muito, afinal quem não sabe nada e não entende nada sou eu, e ia ficar muito grande contar tudo o que eu fiz hoje.

Ah, já ia esquecendo de uma coisa que não falei aqui e essa é bem legal: abri os braços e caí de costas num mato alto e virei mato mas depois desvirei mato e virei gente de novo. Gente com cara de mato, não mais com cara de parede.



E o sono da noite, depois desse dia, foi o mais pacífico e sereno que já tive em toda a minha vida e, antes de adormecer completamente, vi anjos sobrevoando o tapete mágico onde dormi, viajando pelas galáxias !



Tereza Abranches é colaboradora do Blog Luiz Domingues 2. Escritora e artesã, também desenvolve estudos sobre literatura e espiritualidade. Nesta crônica, fala essencialmente sobre a liberdade de ser o que quiser, pouco preocupando-se com a opinião alheia

11 comentários:

  1. Como precisava ler isso e o melhor, tentar aplicar essa lição hoje.
    Obrigada amiga, que me trouxe uma luz com seu texto simples mas de uma sabedoria máster.
    Aproveito e envio vibrações de um 2017 repleto de paz, amor e mais sabedoria!
    Muita luz!!
    Beijo!

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    1. Paz e Luz a todos nós Jani!
      Fico muito feliz de chegar a você quando você mais precisava, são esses fatos que me impulsionam a escrever mais e mais!
      Um 2017 lindo, cheio de Serenidade, Alegria, Paz profunda e muita, muita risada e careta pro mundo!
      Grande beijo!

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  2. Tereza, eu poderia tentar descrever o que senti com seu texto, porém você já disse tudo... "Só Sei que Nada Sei".
    Parabéns, prima!!!! Você tem o dom da poesia!!! Feliz ano Novo a você e toda a família!!!! Com muita saúde, paz e realizações!!!!! Bjs

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    1. Verdade Monica, só sei que nada sei, e é tão bom sentir isso!
      Obrigada pelas palavras de carinho, sempre fico muito feliz por saber que você gosta das coisas que eu escrevo!
      Que o Ano Novo chegue trazendo Paz e Amor, que são a base de tudo!
      Beijos você e toda a sua família também!

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  3. As vezes queremos fazer careta pra flor, só por fazer mesmo... E depois ver anjos... Me senti liberto lendo. Muito bom, tia!

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    1. Que bom saber disso, querido!
      Obrigada e que eu sempre consiga escrever à altura dos que gostam dos meus textos!
      Beijo imenso e muita, muita careta pra flor em 2017!

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  4. Maravilhoso! Muitas vezes nos esquecemos de ser quem realmente somos, de não saber nada, de fazer careta e ser gente com cara de mato ou com o cabelo emaranhado de areia e concha. Seu texto nos transporta para a delícia dessas sensações!

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    1. Que alegria saber que consigo ir fundo no coração de quem lê e viaja comigo, porque vivo e viajo em cada palavra, cada vírgula e saber que carrego gentes pra essas bandas... isso sim é maravilhoso!
      Obrigada pelo carinho, Rafa! Grande beijo!

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  5. Muito lindo,tia!
    Senti o cheiro de mar e a sensação de liberdade e paz de estar escutando apenas o barulho das ondas lambendo a areia!
    Que texto leve, descontraído e ao mesmo tempo de uma importância enorme,em nos mostrar o que realmente nos importa!

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  6. Tereza, estou em oração para que você volte logo pra casa, onde Taís a espera ansiosa... Nossos laços, apesar de tão desfeitos pelo tempo, jamais ficarão no esquecimento... Deus te dê forças e saúde para voltar a me embevecer com sua poesia linda, que me toca o fundo da alma...Beijos e saudades...

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    1. Também torcendo muito para a Tereza voltar bem para a casa e ter a oportunidade de responder-lhe, pessoalmente e o quanto antes. Grato por sua participação.

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