sexta-feira, 6 de janeiro de 2017

O Exercício do Servir - Por Telma Jábali Barretto

Esse nobre exercício, voluntariado, sempre necessário, veio tomando outras características, próprios dessa atualidade que, em tempo real acompanhamos qualquer acontecimento social, trágico ou fantástico, fazendo-nos mais sabedores das carências e gastanças desse nosso mundinho tão múltiplo.

Qual sua disponibilidade diante do próximo e suas possíveis solicitações? Não pontuaremos aqui nas questões de catástrofe, mas diante mesmo das necessidades corriqueiras que são tão parte do cotidiano e, sobre elas, com que solicitude costumamos atentar, atender, ou , mais ainda, diante de quais? É certo que cada qual, mais facilmente, é acionado por essa ou aquela específica...denunciadora daquilo que também mais facilmente conhecemos, compadecemos, doemos ou, por entendermos ser onde melhor flui nossa habilidade, competência...em ajudar!

Queremos pensar aqui uma outra forma de servir, não necessariamente passando por específica carência, aquelas que também costumeiramente rotulamos...trazendo para reflexão outro tipo de exercício de um incondicional servir, disponibilizarmo-nos, considerando que sejamos capazes de romper nosso egocentrismo numa escuta inteira, verdadeira, sensível ao que vem de lá, do próximo, mais além daquilo que até façamos para atendê-lo, num continuar a usufruir daquilo que é a nós mesmos que abastecemos, nutrimos...?!... Mecanismo viciado, bem próprio de quem ainda busca sua individualização e, como tal, só conhece o servir-se...ainda não percebe o outro...
Esse aprendizado viria de uma real pré...disposição em atentar para o próximo numa nova postura diante de outro sentido, alteridade mesmo, onde somos e nos servimos sempre daquilo que trocamos, quer estejamos ou sejamos ou não conscientes disso.

A exemplo disso e, ali deliberadamente, São Francisco diz que nos tornássemos instrumentos da paz, do amor, da esperança...assim como Tagore propõe “Ainda que um copa de água bastasse ao sedento, o rio se oferece todo. Por isso ele canta!”. Sobre isso questionamos e aqui, sim, vai nossa reflexão: quanto e quando será que chegaremos a tal tamanho, a tal amplitude de conceito de doação que geraria um grandioso conviver?

Quantas e infinitas vezes somos impactados pelo cuidado, conhecimento, partilha vinda do outro, qualquer outro com quem convivemos e idem, quanto sabemos ter interferido no passo, caminho ou atitude dos que nos cercam e, sim!, trazemos ou buscamos aqui lembrar daquelas situações em que nenhuma necessidade premente era solicitada, mas...e só?!... puro e simples contato natural, proximidade, convívio propiciou ?

Se ficarmos mais cientes e atentos a isso, quanto por agradecer, quanto por transmitir deixando em nós uma abertura continuada para bem acolher oportunidade em cada contato, para bem oferecer/receber a quem a nós venha, qualquer alguém (temos o hábito de escolher a quem e o que queremos servir e quando?!... e também de quem receber?!...) favorecendo uma espécie de fluxo que se permeáveis, gratos e generosos formos, funcionaremos num outro patamar de responsabilidade, maturidade diante da Vida, gerando um mais harmonioso conviver, tão mais rico, abundante e respeitoso. Começaremos  a gestar uma nova irmandade, humanidade em que a humildade, que só tem quem de fato!!! quem se reconhece vindo de uma mesma e única origem, húmus, barro, matéria, por certo  proporcionará, outra produtividade, no sentido pleno do que seja produção: resultado!!! E quanta troca desperdiçamos...

Sim...aqui todos são úteis: com sua luz ou sua sombra, ensinando e aprendendo, com defeitos e qualidades! Quebraremos esse conceito de ajudar e ser ajudado...esse eterno escalonamento tão produtor longe ... longe ... bem longe de desfazer desigualdade! Quanta gente conhecemos que se alinha a esses ou aqueles grupos porque ali, supostamente, estão intelectuais ?!....benfeitores, bem feitores?!... puros e virtuosos, generosos, doadores, etc...e, ali, juntos e arrogantes, vaidosos, mais discurso e menos atitude, disso servem-se para dali também rotularem-se vanguardistas, bondosos, iluminadores que, muitas vezes nada mais fazem que perpetuarem diferenças, se quebradas, que fariam com suas ditas valiosas qualidades?!...

Malucos nós?! ... Provavelmente sim! Mas é essa a forma de fraternidade, frater eternidade que sonhamos, idealizamos...do um e o outro, a cada um e a cada outro, em que cada um percebendo esse fluxo em si e reconhecendo no outro, que é próprio da Vida em si mesma, com Ele  e por Ele possa Ser!!!
Não apresentemos curriculum, passaporte, RG ou CPF, títulos, agremiações, religião, partidos ou times...sejamos diante do outros, ‘ao vivo e em cores’ e a cada sagrado, abençoado agora!!! NA MAS TÊ !




Telma Jábali Barretto é colunista fixa do Blog Luiz Domingues 2. Engenheira civil, é também uma experiente astróloga; consultora para harmonização de ambientes e instrutora de Suddha Raja Yoga. Nesta crônica, fala-nos sobre o aspecto do servir ao próximo, no sentido mais profundo do termo, sob meandros espiritualistas, esotéricos e onde reside a sutil diferença entre a verdadeira humildade e a subserviência.

2 comentários:

  1. Servindo e auxiliando o Outro, descobrimos que estamos tão somente servindo e auxiliando a Nós Mesmos! Namaste!

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  2. Pensamos que para quem realmente flui nesse servir que descrevemos, o primeiro e principal retorno seja a própria satisfação, prazer em poder contribuir! Numa física, matemática da natureza cósmica, aquilo que fazemos a nós voltara também!!!
    Abraço aí e na mas tê!

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