sexta-feira, 19 de fevereiro de 2016

Autobiografia na Música - Ciro Pessoa & Nu Descendo a Escada - Capítulo 37 - Por Luiz Domingues

Comunicados pelo Ciro que o seu livro estava a chegar da gráfica e que uma noite de autógrafos estava marcada para ser realizada em outubro, em uma casa noturna no bairro de Pinheiros, na zona oeste de São Paulo, nós voltamos a conversar com bastante frequência por e-mail e inbox de Facebook, entre setembro e outubro de 2015.

Discutido um repertório básico de show, houve uma proposta do Ciro para intensificar o esforço de que novas músicas surgissem e com letras baseadas em poemas que faziam parte do livro que seria lançado em breve. Dessa forma, ele mandou duas letras para o Kim e duas para que eu o fizesse também.

No meu caso, recebi dois poemas, denominados: "Planície dos Sonhos" e "Xadrez Cósmico". Eu trabalhei primeiro com um riff que já tinha em mente há muitos anos, e que reiteradas vezes tentei colocar à disposição do "Pedra", mas ali nunca foi aproveitado, e de fato, colocar ideias para o Pedra sempre foi uma questão muito difícil pela maneira pela qual aquela banda se portou ao longo de sua história e não cabe aqui tecer nenhum comentário a mais. Se o leitor pulou o capítulo do Pedra, convido-o a lê-lo ou relê-lo para entender o que aqui coloco. Agora, livre de crivos alheios e intimidadores, o riff poderia ser aproveitado sem problemas e foi o que fiz para musicar o poema: "Planície dos Sonhos". 

Não foi fácil, no entanto, encaixar a métrica da melodia cantada ao poema, pois é notório que é muito mais difícil para qualquer compositor, criar a música para uma letra pronta, sendo o processo inverso, pensar na letra com a harmonia, ritmo e melodia definidos, muito mais fácil.

Mesmo ao ter que fazer algumas modificações a posteriori e com apoio do próprio, Ciro, que também estabeleceu algumas mudanças nos versos do poema, o resultado ficou ótimo. Fiquei bastante contente em ver a ideia prosperar e se tornar uma canção com forte apelo psicodélico sessentista, uma das minhas paixões em termos de vertentes dentro do Rock. 

Já a outra canção, foi fruto de uma melodia que por incrível que pareça veio à minha mente no período em que eu ficara internado no hospital. A se tratar de um Rock'n' Roll bem ao sabor glitter setentista, ganhou co-parceria com o Kim, que criou um riff de introdução e outro de intermezzo, bem interessantes, a enriquecer a composição.

Um ensaio acústico foi marcado na residência dos Pessoa, e onde foi possível mostrar as músicas compostas e se estabelecer os seus arranjos.

Da parte do Kim, a sua contribuição com novas músicas se deu com "Mariposas" e "La la la". Sobre "Mariposas", o Kim nos trouxe também um Rock básico, mas com uma melodia absolutamente inusitada. 

A se tratar de algo inspirado no canto lírico e ao se considerar que o Kim adora música erudita e tem amplo conhecimento na área, tal ideia que nos trouxe foi uma sacada genial e que casou-se de uma forma louquíssima com a letra surreal escrita pelo Ciro...

                     "Self" do ensaio, em 6 de outubro de 2015

A outra canção que criou, "La la la", fora um "bubblegum" sessentista sensacional e com um potencial Pop extraordinário. Mas no frigir dos ovos, acabou por ficar de fora do set list do show.  

Mais um ensaio acústico foi marcado e a seguir, dois ensaios elétricos para firmar o show.

 

                                  Fotos do ensaio de 15 de outubro de 2015

Por outro lado, ao se considerar que o show não era o foco em si, mas um reforço ao lançamento do livro e noite de autógrafos, a divulgação estava a atingir frentes diferentes, do mundo literário, inclusive. 

O poeta, Claudio Willer, havia confirmado a sua presença, e ele havia assinado o prefácio do livro, portanto, seria uma super honra para o Ciro e para todos nós, ter a presença de um grande artista e pensador a prestigiar o evento.

E assim chegou o dia da noite de autógrafos-show...

Continua...  

Nenhum comentário:

Postar um comentário