segunda-feira, 30 de novembro de 2015

Autobiografia na Música - Pedra - Capítulo 87 - Por Luiz Domingues

Eu, Luiz Domingues, no soundcheck, a timbrar o baixo Fender Precision no palco do CCSP. Foto: Grace Lagôa

Foi sem dúvida o show que fizéramos até então, mais agitado nos bastidores, a se descontar o Festival em que abrimos o Uriah Heep, em 2006. 

O frenesi provocado por atores, músicos e pessoas a ajudarem na produção, foi intenso. Essa movimentação por si só, já foi bastante estimulante para todos e certamente que tal vibração foi primordial para o sucesso do espetáculo.

Um pouco antes do nosso show e eu já "paramentado". Da esquerda para a direita, em pé: Ivan Scartezini, Diogo Oliveira, Daniel "Kid", Roby Pontes (baterista superb e futuro membro do "Golpe de Estado"). Sentados: Thomas Lagôa, Luiz Domingues, Xando Zupo e Rodrigo Hid. Foto: Grace Lagôa

Como já disse, houveram intervenções improvisadas dos atores, a abordarem as pessoas na fila da bilheteria, e dessa forma já a causarem um pequeno frisson prévio.

Lu Vitaliano em ação no palco e a interagirem no mezanino acima, as outras atrizes, Lucia Capuchinque (esquerda), e Ana Paula Dias (direita). Foto: Grace Lagôa

O show começou, enfim e a primeira sketch do grupo teatral "Comédia de Gaveta", iniciou-se. O mote da sketch, foi uma menção à comédia grega clássica, mas adaptada livremente de forma a aludir ao show de Rock que Parabelum e Pedra fariam a seguir. 

Os atores usaram maquiagem pesada e indumentária muito chamativa, mesmo com poucos recursos financeiros, pois usaram de muita criatividade para tal.

O texto, que pareceu um pouco rebuscado no início, amenizara-se na metade e final da sketch e apesar da performance ter sido um pouco prejudicada pela falta de bom senso do público, eis que arrancou muitos aplausos ao seu término e criou assim uma atmosfera muito favorável para o Parabelum entrar em cena e fazer o seu show. 

De que forma foram prejudicadas as atrizes? Ao contrário da reação típica de um público teatral acostumado a observar tal dinâmica durante tal tipo espetáculo, o público de um show musical não mantinha essa predisposição natural de guardar o silêncio e a discrição, em suma.

Com o Parabelum já a postos para iniciar o seu show, as atrizes encerraram a sua sketch. Da esquerda para direita: Ana Paula Dias, Caio Ignácio à bateria, Lu Vitalliano, Lucia Capuchinque e Cezar de Mercês no canto direito, a segurarem mãos um baixo híbrido entre o acústico e o elétrico. Foto: Grace Lagôa
 
Sendo assim, a trupe teatral teve que esforçar-se para interpretar o texto, em meio ao falatório sem noção das pessoas na plateia. Além do fato de que no início do show, foi inevitável o entra-e-sai de pessoas no auditório, a provocar-se um déficit de atenção para quem já estava ali bem instalado e a fim de aproveitar o show. 

Então, desacostumados com essa novidade que estávamos a imprimir, o público atrapalhou um pouco o desempenho das atrizes, mas não foi nada que fosse tão desastroso. Tanto foi assim, que ao final, os aplausos foram acalorados, a deixá-las gratificados.

Houve uma segunda intervenção da trupe, entre os shows do Parabelum e do Pedra.  

Paralelamente, nesse início, o artista plástico Diogo Oliveira já estava em ação. Em um primeiro momento, ele estava colocado em um canto do palco, com pouca iluminação, propositalmente, para não desviar a atenção da sketch teatral. 

Mas paulatinamente a iluminação o colocou em um destaque e dessa forma, a sua atuação a pintar telas ao vivo, foi elogiadíssima. 

Uma primeira e espontânea reação muito positiva em relação à performance dele, foi da parte de muitas crianças que estavam presentes no auditório. Assim que começou o espetáculo teatral, muitas preferiram não prestar atenção na performance dos atores e ao saíram dos seus assentos para sentaram-se ao redor do Diogo, e vê-lo a pintar de perto.

       Diogo Oliveira em ação, a pintar as suas telas ao vivo

Vi essa cena, sentado na plateia, pois nesse momento, havia deslocado-me no escuro para assistir o início do espetáculo. Aliás, eu e todos os demais membros do Pedra.

E foi muito gratificante ver a performance de ambos, o Comédia de Gaveta e Diogo Oliveira. Quando as atrizes deram a deixa do final de sua sketch, esse mote evocava diretamente o Parabelum, ao dar uma ideia de espetáculo alinhavado. Essa foi uma bela solução, pois deu sentido ao happening que propúnhamos. As atrizes mal saíram de cena, e o Parabelum já tocava os seus primeiros acordes!

Cezar de Mercês ao vivo, a executar o seu baixo híbrido, mezzo elétrico/mezzo acústico. Foto: Grace Lagôa

Continua...

Nenhum comentário:

Postar um comentário