quinta-feira, 5 de novembro de 2015

Autobiografia na Música - Pedra - Capítulo 70 - Por Luiz Domingues

É bom reforçar a informação, nesse cartaz acima, ainda constava a foto do guitarrista holandês, Jan Akkerman (ex-Focus), como atração do festival, mas ele a cancelara em cima da hora, com o material gráfico promocional já preparado.

Nesse ínterim, o nosso "empresário", o sr. "R", estava ausente há horas, a passear por São Paulo com a van que nós contratáramos com o nosso dinheiro, e certamente não estava a cumprir nada de nosso interesse pelas ruas. 

A passagem de som foi tensa, extremamente malfeita e tivemos vários exemplos de maus-tratos a nos vilipendiar.

A nossa única sorte, foi que o PA estava programado para ser operado pelo Renato Carneiro em nosso show. Na impossibilidade de contar com o nosso outro técnico, Renato Sprada, preferimos que o Renato Carneiro operasse o som do PA ao nos garantir dessa forma, que o nosso som chegasse ao público da melhor maneira possível.  

Ele, Renato, presenciou a maneira aviltante com a qual os técnicos da empresa contratada para montar e operar o som da monitoração, estavam a nos tratar e pediu-nos resignação e muita paciência, pois segundo ele, que estava acostumado a lidar com produções de porte mainstream, foi o tratamento padrão que dispensavam a artistas fora desse universo. 

Isso não foi nenhuma novidade para nenhum de nós, talvez com exceção do Ivan que não havia atingido esse grau na carreira ainda, acostumado com pequenas apresentações até então.

Em uma determinada hora do soundcheck, um imbecil cujo nome esqueci-me (mas também não citaria para não dar fama a energúmenos), ironizou o fato do Rodrigo pedir mais volume de voz no monitor próximo aos teclados, ao gritar para o outro idiota que operava a mesa de monitor: -"o cara quer se ouvir que nem a Xuxa"... 

Por pouco o Rodrigo não reagiu a altura, mas ele resignou-se para não piorar as coisas, e a evitar que durante o show, nós sofrêssemos com ações de retaliação, sabotagens etc.

Eu levei para o show, o meu set de amplificador e caixas, mas os cretinos não plugaram a mandada do Direct Box do meu amplificador no meu set de monitor de chão, tampouco no Side Fill.  

Ora, foi evidente que na hora do show, ninguém da banda ouviria o meu baixo (talvez nem eu, a não ser que eu tocasse muito perto do meu amplificador, a ouvir só a emissão das minhas caixas), para prejudicar a performance de todos, principalmente do Ivan, que precisava ouvir o baixo com precisão para manter o ritmo na bateria, e vice-versa, eu precisava ouvi-lo muito bem, igualmente.

O Xando ficou muito longe de nós, três, demais componentes, por conta do mapa de palco não obedecido a prejudicar pela absoluta má vontade dos sujeitos em buscarem adaptações.  

Enfim, foi uma das mais rápidas, tensas e mal elaboradas passagens de som que fizemos em toda a carreira do Pedra e a nossa única certeza ali naquele palco, foi a de que o som da frente, o do PA, seria perfeito para o público, por conta da operação do Renato.  

De imediato, ele, Renato, fez amizade com a técnica do Uriah Heep que estava perdida ali, por falta de alguém da produção que falasse inglês , minimamente, e ele a auxiliou ao ajudá-la na equalização do PA, e a dar dicas valiosas sobre várias frequências que deveria evitar, principalmente de graves no lado direito baixo da casa, onde havia um ponto de reverberação acústica bastante nocivo. 

E ao ver a sua competência, a técnica britânica logo o convidou a operar o show das bandas que antecederam-nos, pois se dependesse do técnico da empresa contratada, teria sido mais um exemplo de má vontade, como no caso dos responsáveis pela monitoração de palco.

Continua...

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