quinta-feira, 5 de novembro de 2015

Autobiografia na Música - Pedra - Capítulo 71 - Por Luiz Domingues

De volta ao camarim, tivemos a certeza de que o som direcionado para o público seria perfeito, mas no palco, seria um caos absoluto. Além da má vontade dos técnicos, houve um clima de deboche e petulância por parte desses funcionários do equipamento terceirizado, muito grande. 

Tanto que o produtor do show, Marcelo, teve uma briga violenta com esses maus profissionais, pois flagrara um episódio desses, a envolver o baixista da banda, "Tropa de Choque", que houvera sido maltratado por esses energúmenos.

Todavia, não foi só isso que nos incomodara. O clima de abandono da produção para conosco, persistiu. Ninguém aparecia no camarim para nada, nem mesmo para fornecer instruções sobre o cronograma do festival. 

A geladeira permaneceu vazia, enquanto soubemos que os camarins das outras bandas haviam recebido suprimentos fornecidos por patrocinadores. A nossa única explicação para tal comportamento, foi a presença histriônica do pseudoempresário "R". Como saber o que o atabalhoado "R" falou nocivamente para o produtor Marcelo e os seus subordinados?

E para piorar a situação, o "nosso manager", ausentara-se, a usar a nossa van para suprir os seus interesses pessoais e este só voltou ao camarim, por volta das 20:00 horas, com um lanche improvisado que mandamos comprar, pois se dependesse da produção, ficaríamos à mingua. 

Então, uma garota que o produtor havia contratado para ser "hostess" do evento, finalmente apareceu e trouxe um pacote de pão de forma e porções de mussarela e presunto comprados às pressas em alguma padaria próxima. Ela pareceu estar constrangida e deu a entender que tal ação houvera sido ordenada para atender a reivindicação de "R", e que certamente desagradara o produtor do show.

Bem, visto com sensatez, é claro que é para imaginar a cena anterior, com o sujeito a interpelar com arrogância o produtor do show e a desagradá-lo em um momento inoportuno, visto que Marcelo provavelmente estava a viver em um momento com problemas decorrentes da produção geral do evento. 

Então, dá para entender, ao menos parcialmente, a maneira pela qual azedara a nossa relação com o produtor do evento e o motivo pelo qual estávamos a sermos segregados nos bastidores.

Um pouco antes de irmos ao palco para o nosso show, o "R" protagonizou uma cena constrangedora, porém hilária!
Ele reuniu-nos em volta dele e como um técnico de futebol na última preleção antes do time entrar em campo, deu-nos "instruções" de última hora. Segundo ele, se o som estivesse ruim, deveríamos parar de tocar e exigir uma melhor equalização. 

Um olhou para o outro e não precisou ninguém verbalizar nada. Sentimo-nos no jardim da infância. Bem, foi chegada a hora, enfim. Fomos ao palco para o nosso show...

Continua...

Nenhum comentário:

Postar um comentário