quinta-feira, 19 de novembro de 2015

Autobiografia na Música - Patrulha do Espaço - Capítulo 223 - Por Luiz Domingues

Após o show realizado no festival de Londrina-PR, caímos na estrada novamente, mas em direção ao interior paulista desta feita.
O nosso destino se tratou de Limeira-SP, uma outra cidade em que a Patrulha do Espaço mantinha uma longa tradição de shows e a contar com fãs fiéis, desde os anos setenta. Foi uma nova apresentação no famoso: Bar da Montanha, um reduto Rocker, onde éramos bem recebidos sempre pelos simpáticos irmãos proprietários e sempre tínhamos um bom público presente.
Resta lembrar como eu já disse anteriormente, que o Bar da Montanha, apesar de ser uma casa de frequência e ambientação Rocker, detinha também um público habitue sui generis, eu diria. 

Eram freaks em sua maioria, mas nem todos se interessavam pela banda em ação, ao parecer ignorar a ação da banda no palco, ao preferir se ater às conversas particulares nas mesas e claro, às suas bebidas. Bem, não dava para cobrar atenção de todos e assim, o negócio ali sempre foi tocar tranquilo, sabedores de que os nossos fãs compareceriam com a sua habitual animação. E assim foi, mediante um show tranquilo, com os nossos fãs a fazer uma festa muito grande para nós e a viagem de ida e volta, foi cumprida sob tranquilidade e mais um dado, o nosso ônibus não nos deu aborrecimentos durante o percurso.

Foi no dia 27 de outubro de 2002, com cerca de duzentas pessoas na plateia. O próximo compromisso seria em Santos, no litoral paulista, porém, alguns dias depois.
Alguns dias antes dessa viagem à Santos-SP, o Rolando Castello Junior comunicou à banda que havia convidado um rapaz para viajar conosco e que ele era um Rocker da velha guarda, perfeitamente coadunado com nossos princípios etc. e tal. 

O objetivo seria testá-lo na função de Roadie manager, visto que a Claudia Fernanda sentia-se sobrecarregada e em certas circunstâncias talvez ela fosse mais útil a trabalhar em São Paulo ao gerenciar a logística das turnês do que em campo, a viajar conosco e a perder tempo, de certa forma. Ao ir além, tal rapaz era já um homem maduro, na mesma faixa etária do Junior, ali a beirar os cinquenta anos de idade, e além de ser um Rocker, embora não músico, era também um poeta e web designer.

O seu nome, na verdade um apelido pelo qual era famoso, era: "Barata". Luiz Carlos Cichetto, o popular, "Barata", era um freak daqueles típicos orientados pela estética das décadas de 1960 & 1970, que vendiam livros mimeografados em porta de teatro e shows de Rock, mas que se modernizara, e ao acompanhar a tecnologia, houvera se tornado webdesigner e mantinha no ar um site bastante festejado com enfoque de revista cultural e com ênfase na música e poesia/literatura, chamado: "A Barata". 

Nessa época, e ao se considerar que as Redes Sociais ainda não haviam explodido no Brasil, o seu site: "A Barata" mantinha uma média de dois mil acessos por dia, o que para o mundo underground poderia ser considerado um número excepcional.

Tudo muito bacana em termos de seu currículo, porém o que eu não sabia, ao conhecê-lo finalmente no dia de irmos para Santos, foi que apesar de não o conhecer pessoalmente até então, nós havíamos tido um contato no remoto ano de 1977. Quando o Junior me falou isso ao telefone, confesso que eu fiquei muito intrigado, por que tenho boa memória e lembrar-me-ia fatalmente, mas na prática, eu fiquei atônito com a informação. 

Quando eu cheguei na residência do Junior, ele mesmo, Barata, ao cumprimentar-me, esclareceu tudo, enfim...

Continua...

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