terça-feira, 24 de novembro de 2015

Autobiografia na Música - Patrulha do Espaço - Capítulo 228 - Por Luiz Domingues

 

A distância entre Concórdia-SC e Joaçaba-SC é muito pequena, e assim, nos demos ao luxo de descansar até a hora do almoço no apart-hotel, a aproveitar ao máximo o seu riacho natural que lhe conferia a aura de um spa zen. 

Quando chegamos em Joaçaba no meio da tarde, constatamos que a cidade tinha uma beleza natural incrível por conta de um grande rio a cortar bem o seu centro, e pela presença de muitas montanhas íngremes, com mirantes que fatalmente atrairiam turistas.

Demos uma parada estratégica no hotel para acomodarmos as nossas bagagens pessoais, e rumamos para o local do show, que se chamava: "Bar Ponto de Vista".  

Assim que começamos a subir uma montanha muito íngreme, já percebemos que o nome do estabelecimento fazia jus à sua localização, pois ficava de fato no topo de uma dessas montanhas que circundavam a cidade e cuja vista panorâmica era espetacular.


Fomos muito bem recebidos pelo seu proprietário, um jovem empreendedor e logo notamos que ele tinha apoio familiar na administração, com seus parentes ali presentes a trabalharem e todos simpáticos e entusiasmados com a realização do show. 

Eles estavam eufóricos com a nossa presença, ao demonstrar respeito pela nossa história, e eu apreciei muito essa demonstração explícita e rara, eu diria. Segundo nos contaram, a divulgação fora maciça com material gráfico, faixas e uma rádio local que só tocava Rock 24 horas por dia, estava a executar spots com uma vinheta a conter uma música nossa como chamariz. Bem, parecia tudo pronto para a Festa do Rock...

A casa em si era rústica, sem nenhum luxo, mas a se mostrar muito confortável e aconchegante. Com três patamares, continha muitos pontos de visão privilegiada para a cidade, toda lá embaixo e se à luz do dia já era de tirar o fôlego, a visão noturna devia ser incrível, também. 

Voltamos para o hotel, nos fartamos com pizzas e quando voltamos para o local, o público presente estava muito bom, e claro, haviam muitos fãs da Patrulha do Espaço, incluso muitos vindos de cidades vizinhas. Uma banda com história, mesmo a estar alojada no patamar underground, detinha essa vantagem, naturalmente, e isso foi um grande incentivo para nós. 

O show foi quente ao extremo. Executamos o nosso set list tradicional e o público respondeu de uma forma magnífica. Sim, havia gente ali presente que não sabia exatamente quem éramos, uma praxe nesse circuito de casas noturnas e notadamente de cidades interioranas, mas o contingente Rocker mais vigoroso tratou por deixar o clima de show de Rock, e tudo funcionou a contento.

Aconteceu no Bar Ponto de Vista, de Joaçaba-SC, com duzentas pessoas presentes, em 16 de novembro de 2002. Ao deixar a casa noturna já sob o silêncio da madrugada, a visão que tivemos foi belíssima, com a cidade vazia. Descansamos bastante e mais ou menos às 13 horas de domingo, 17 de novembro, nos colocamos na estrada para voltarmos à São Paulo. 

Teríamos cerca de oitocentos km para enfrentar, mas sem pressa, sem forçar o ônibus, pois não tínhamos compromisso imediato em nossa cidade, e a próxima turnê dar-se-ia somente a partir de 21 de novembro, em cidades do interior paulista.

Apesar do calor incrível que fazia, a viagem correu tranquila e as conversas animadas dentro do nosso ônibus, permearam a viagem sem nenhum aborrecimento aparente, pelo menos em grande parte do trajeto. Contudo, quando a noite caiu e já estávamos próximos da fronteira entre os estados do Paraná e São Paulo, a parte elétrica do carro pifou, a nos deixar sem faróis. 

Já estávamos adiante daquele posto onde havíamos tido pane elétrica e trocado o dínamo em viagem anterior que fizéramos ao sul do país, portanto, o "seu" Walter nos aconselhou a prosseguirmos a viajar no "escuro", pois se parássemos, correríamos o risco de perdermos a ignição.

Dessa forma, se reduziu drasticamente a velocidade, motivado pelo perigo que foi viajar a noite sem faróis, e houve também um segundo objetivo nessa estratégia, que foi o de ganhar tempo, a torcer para amanhecer logo e assim tornar a viagem mais segura e não chamar a atenção de policiais rodoviários que se nos vissem naquelas condições, fatalmente nos parariam, fora o perigo da multa e até detenção do carro, sabe-se lá. 

E assim foi como viajamos nesse trecho final, comigo, Luiz Domingues, Luiz "Barata" Cichetto, e Rolando Castello Junior ao lado do "Seu" Walter, a ajudá-lo com mais três pares de olhos para seguirmos naquela estrada perigosíssima que é a BR 116/"Régis Bittencourt".  

Começou a amanhecer, enfim, e nós respiramos aliviados ao vermos os raios de sol no horizonte.  Ao chegarmos em São Paulo, descarregamos o equipamento na minha residência do bairro da Aclimação, com o carro ligado e só o desligamos na garagem que alugávamos, no Cambuci, um bairro vizinho. Esta foi uma turnê vitoriosa, e esse problema nos deu um certo receio, mas não tirou o mérito da empreitada toda. 

Próximo destino: São José do Rio Preto-SP... 

Continua...

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