quarta-feira, 18 de novembro de 2015

Autobiografia na Música - Patrulha do Espaço - Capítulo 217 - Por Luiz Domingues

Voltamos para São Paulo, e o nosso próximo compromisso seria cumprido apenas em duas semanas, mas o tratamos como uma importância extra, devido ao fato de ser uma micro temporada no Centro Cultural São Paulo, com três datas.  
 

O Rolando Castello Junior traçou uma estratégia de encarar tal temporada como o fim da turnê dos discos: "Chronophagia" e "Dossiê Volume 4", mais para ter um mote publicitário do que demarcar tal fato, oficialmente, visto que só lançaríamos um novo álbum de fato, em março de 2003, portanto, por meses, ainda estaríamos sob a égide dos discos anteriores, ao fazermos muitos shows, e até mais investidas das turnê em etapas interioranas e interestaduais. 

Voltou à tona também, o assunto da mixagem do novo álbum, e com os lucros obtidos na última fase da turnê pelo sul, esteve viabilizada enfim tal produção, mas nós só fomos tratar do assunto, efetivamente, após a realização da temporada no Centro Cultural São Paulo.

Então, os nossos esforços nessas duas semanas que tivemos sem shows, foram no sentido de sua divulgação, e quem colocava a mão na massa mesmo, nesse sentido, sempre fui eu, ao colocar o meu carro à disposição para cruzar a cidade inteira e muitas vezes para visitar cidades vizinhas da Grande São Paulo, também, em uma corrida frenética e extremamente onerosa, pois a gasolina gasta em tais operações, era absurda.

Eu gastava dias em uma campanha dessas e mediante a ajuda do roadie, Samuel Wagner, que colocava os cartazes nos lugares certos que designávamos, nós rodávamos juntos centenas de Km's, a enfrentar o calor, frio e chuva nessas ações ultra cansativas.

Todavia, apesar do caráter arcaico de tal empreitada, eu gostava da sensação de dever cumprido, ao espalhar o nome da minha banda  pela cidade toda. Claro, em meio a uma capital do tamanho de São Paulo e ainda por cima com a pretensão de se atingir municípios vizinhos da Grande SP, para cobrir mesmo tudo, eu precisaria de pelo menos dez equipes montadas e com pelo menos três auxiliares em cada carro, mas na escassez de recursos para contratar equipes profissionais acostumadas à esse tipo de divulgação, eu trabalhava sozinho e com um auxiliar apenas e digo, mesmo que não cobríssemos nem 10% do que eu gostaria, tratava-se de um volume absurdo de cartazes colocados em estabelecimentos que continham perfil compatível de pessoas ali a circularem e interessadas em nós.

Somente na famosa "Galeria do Rock", do centro de São Paulo, houve época em que haviam mais de duzentas lojas de discos reunidas, só para o leitor não acostumado à dimensão da cidade de São Paulo, ter uma noção.
Portanto, cobrir a cidade inteira (e a nossa proposta era de buscar tal amplitude), ao não colocarmos cartazes apenas em lojas de discos, tratava-se de um trabalho hercúleo.

O Junior e a Claudia centravam os seus esforços na parte burocrática e o CCSP, assim como o Sesc, este equipamento cultural costumava exagerar em demasia na exigência de documentos, ao imputar trabalho aos postulantes, para se deixar tudo em ordem.

E a colaboração do Rodrigo era positiva, também, mas de cunho secreto. Como jornalista formado e a contar com muitos colegas da faculdade a atuarem na mídia, ele mantinha os seus contatos e assim, ao usar o expediente de um pseudônimo, abordava diversos órgãos de imprensa ao se apresentar como assessor de imprensa da banda e a "cavar" matérias. Graças aos seus esforços, muito do material que a banda obteve em termos de mídia escrita, foi por seu mérito.

Infelizmente, dois dias antes da estreia no centro Cultural São Paulo, eu fiquei fortemente gripado. Até aí, gripe é super chato de se lidar, mas não impede que se trabalhe, eu pensei. Entretanto, desta vez o meu mal-estar passou da conta e na véspera, eu estive prostrado, com febre alta e uma indisposição inacreditável.

Passei a informação aos companheiros que se prontificaram a suprir a minha ausência na produção do dia e toda a logística de transporte e arrumação do equipamento ficou a cargo deles e dos roadies. Quem me conhece nos bastidores da música, pessoalmente sabe bem que eu não suporto ficar alheio à esse trabalho, inclusive o trabalho braçal, portanto, foi frustrante não poder ajudar. Eu só teria que fazer o soundcheck e o show, o que já fora desagradável ao extremo para o meu gosto, acostumado a ser bem atuante nos bastidores da produção, mas... paciência...
Continua...

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