sexta-feira, 16 de outubro de 2015

Autobiografia na Música - Pedra - Capítulo 50 - Por Luiz Domingues

Eu estava encostado na parede da lateral esquerda em relação ao palco, quando o Marcello anunciou que o show deles estava a encerrar-se, e que a seguir, o público assistiria o Pedra. Dois sujeitos que estavam próximos à minha presença caíram na gargalhada, talvez a considerarem a palavra: "Pedra", engraçada e um disse ao outro, algo do tipo: -"Pedra? Que merda é essa?" 

Claro que não me ofendi, pois não havia cabimento para se aborrecer com tal manifestação, nem que fôssemos famosos no mainstream. Apenas analisei em silêncio naquele instante, o quanto era duro começar um trabalho da estaca zero, tendo que tocar em lugares pequenos, e angariar público em um autêntico trabalho de "formiguinha". 

Quanto ao comentário do sujeito, pareceu-me um desdém descabido, claro, mas também uma tendência normal na sempre injusta relação público x artista desconhecido, onde o grau de interesse do primeiro pelo segundo é zero, e daí, é mesmo difícil sair desse ponto inicial de inércia. Ainda mais através de um ambiente avesso para amantes da música e da arte, como fora aquela casa noturna, e mais apropriada aos buscadores dos prazeres hedonistas, das dionisíacas "baladas".

Encerrado o show do Carro Bomba, montamos o nosso set o mais rápido possível, com a ação de nossos roadies, Samuel Wagner e Daniel Kid (sim, os roadies da Patrulha do Espaço que  nos acompanhavam), mas cometemos um deslize imperdoável!
O "banner" do Carro Bomba ficou exposto, portanto, muitas fotos e a filmagem do show, ficaram marcadas por essa falha estrutural de nossa parte. O próprio, Marcello, percebeu isso, mas foi tarde demais, e já estávamos a tocar quando ele percebeu. O show foi muito bom. 
 
Estávamos muito bem ensaiados e a tocar com uma segurança tão grande, que essa credibilidade passou ao público. Tanto que ao enfrentarmos um público híbrido, metade ali presente a esperar pelo Golpe de Estado e a outra metade formada por habitues da casa, acostumados a ouvir bandas cover, nós arrancamos muitos aplausos e ao final, um sincero pedido de bis, quando a tendência seria o silêncio educado ou até algumas hostilidades por parte de alguns fãs impacientes do Golpe de Estado. 
Presenças ilustres a nos prestigiar no Café Aurora, nessa noite de 26 de maio de 2006: a equipe da gravadora Amellis Records, em peso! Da esquerda para a direita: Xando Zupo a representar o Pedra, e pela Amellis, Tony Babalu, Marina Abramowicz e Suzi Medeiros.
Saímos satisfeitos com esse segundo show, onde apesar de ter sido uma noite dividida com outras duas bandas, tocamos o nosso set inteiro, com a execução das onze músicas do primeiro CD. Ao final do show do Golpe de Estado, músicos das três bandas se misturaram para um jam-session improvisada, para encerrar a noitada.
A despeito de termos estado na Feira da Pompeia, cinco dias antes, claro que o sabor de uma real estreia ficou para essa segunda apresentação no Café Aurora, em 26 de maio de 2006, uma sexta-feira e com cerca de quatrocentas e cinquenta pessoas no interior da casa.
Todas as fotos deste capítulo, são de Grace Lagôa

Continua...

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