quarta-feira, 14 de outubro de 2015

Autobiografia na Música - Patrulha do Espaço - Capítulo 189 - Por Luiz Domingues



Quando eu cheguei ao camarim, acontecia um tumulto generalizado. 
Junior, Marcello e Samuel estavam muito nervosos, e vários fãs estavam atônitos ao desejarem ajudar ou no mínimo nos consolar, mas nada poderia ser feito naquele momento para reverter aquela situação. E o que aconteceu, afinal de contas?

Como desgraça pouca é bobagem, tivemos mais uma tragédia a ser contabilizada: fomos furtados enquanto tocávamos! O camarim estava todo revirado, bolsas e malas abertas, roupas pessoais espalhadas e toda a comida & bebida que havia sido servida, fora roubada, a sobrar apenas farelos e algumas latas de refrigerantes, vazias.

Como foi possível isso acontecer dentro de uma unidade do Sesc, onde a organização prima pelo extremo profissionalismo? Mas aconteceu e segundo apuramos em cobrança feita aos funcionários do Sesc, a vigilância não se mostrava ostensiva, mas circular, e nesses termos, a se usar da mais esfarrapada das desculpas possíveis, os funcionários nos disseram que fora a primeira ocorrência registrada ali naquela unidade.

Tudo bem, como sempre no Brasil, nada é providenciado antes que algo ruim aconteça, portanto previsibilidade é palavra desconhecida no dicionário do imprudente povo brasileiro.

Fãs da cidade se desculpavam conosco, envergonhados por estarmos a passar por tal situação em sua cidade natal, mas claro que não foi um problema exclusivo de São Carlos. A cidade é maravilhosa e sempre nos recebeu bem. Tanto que nós voltaríamos lá outras vezes, sem dúvida.

É óbvio que fora um vacilo nosso em não dimensionar que esse negócio de que a violência e o crime não existem em cidades interioranas, é pura balela. Esse discurso ficou lá atrás, nos anos quarenta ou cinquenta do século passado, não sei mensurar e não teve cabimento mais nos descuidarmos, respaldados por tal premissa.

O Sesc poderia ter designado um ou dois funcionários para ficar na entrada do camarim? Claro que sim, mas acredito também que o descuido foi nosso. Ao verificarmos aquela estrutura improvisada e devassada, deveríamos ter guardado todo o nosso material no ônibus e ponto final. 

Ao fazer uma avaliação do ocorrido, constatamos que o prejuízo mesmo foi pequeno, com exceção do Marcello que teve carteira subtraída e perdera algumas peças de roupas. Além dele, mexeram na mala do Junior, que perdeu uma toalha, apenas.

Não roubaram nada da minha bagagem, tampouco do Rodrigo e ficamos perplexos pelo fato de não terem roubado tudo, principalmente carteiras, relógios, celulares e as melhores roupas e calçados em detrimento de uma toalha e poucas peças de roupas do cotidiano do Marcello. Talvez não tenham tido tempo para escolher com calma os objetos mais valiosos. Optaram somente pela primeira carteira que acharam, e priorizaram as bebidas e lanches servidos na mesa.

Bem, foi mais um golpe para minar o nosso ânimo que já estava bem combalido e destruiu completamente o astral positivo com o qual tivemos o show, e a interação com o público. Cansados e bem chateados, resolvemos partirmos para o hotel e depois jantar e tentar esquecer tantos problemas acumulados.

Os roadies carregaram o nosso equipamento, desta feita sob um ritmo mais lento e não foi fácil para eles subirem a escadaria que dava acesso ao gramado recuado da calçada, onde o ônibus estava.

Por solidarizar-me com o Marcello, combinei de acompanhá-lo à delegacia na manhã seguinte para lavrar o Boletim de Ocorrência. Nessa altura, ele já tinha ligado para o banco e companhia de cartão de crédito, para cancelar os cartões surrupiados.

Todavia, essa etapa da turnê do azar estava longe de se acabar. Quando o ônibus estava carregado e com todos a bordo para irmos ao hotel, o "seu" Wagner deu a partida na ignição e aí...

Continua...

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