quinta-feira, 1 de outubro de 2015

Autobiografia na Música - Patrulha do Espaço - Capítulo 171 - Por Luiz Domingues

Criada a indisposição com o sócio-motorista, a relação entre nós já estava azedada há tempos, essa foi a verdade. Basta o leitor recordar de vários pontos negativos que eu citei, desde que estabelecemos a parceria, em meados de setembro de 2001.

Nesse instante, ao chegarmos ao ponto insustentável, ele queria vender o veículo pura e simplesmente, e usar o dinheiro para zerar a dívida ainda pendente e referente à sua aquisição, simplesmente ao dividir um eventual pequeno lucro que viria desse montante. Na teoria, seria uma solução boa, mas na prática, mesmo que aceitássemos a ideia, a questão era diferente, pois quem disse, que tencionávamos vender o ônibus de forma rápida e com direito a uma margem de lucro? 

Pelo contrário, nós compramos um carro velho, mas com aspecto de ônibus de excursão, em relativa ordem, e agora, graças às nossas necessidades enquanto banda, o transformáramos em um carro alternativo, com pouco espaço para alojar pessoas, e mais a se parecer com um trem cargueiro. Portanto, o valor dele diminuiu ao meu ver em termos de liquidez de mercado, pois fechara-se para um pequenos grupo de interessados. Neste caso, tais eventuais interessados seriam ou bandas como nós, ou pessoas que compram carros dessas características para promover excursão de pesca, conforme descobrimos posteriormente, ao adentrarmos o "universo" dos entendidos em ônibus velhos...

Por outro lado, toda a logística da banda estava baseada nele, naquele instante. As excursões que estávamos a realizar, se baseavam no fato de que tínhamos transporte próprio e isso facilitava a logística da turnê de uma forma absurda.

Sem o carro, teríamos um retrocesso, sem dúvida alguma, ao gastar fortunas para alugar micro-ônibus ou a viajarmos sob um desconforto incrível em vans, e a deixar de usar o backline completo, portanto, a prejudicar a performance sonora da banda nos shows.

Portanto, a nossa predisposição foi a de ficar com o carro, mesmo que isso significasse apertar o nosso orçamento para pagar a parte do rapaz na sociedade que se desfaria, e ainda a assumir o restante da dívida da aquisição e pior ainda, ao também ter que assumir a sua manutenção, local de estacionamento e a ter que contratar um motorista.
Foi portanto uma perspectiva movida por prós e contras, no entanto, um fator foi certo, precisávamos manter o carro naquele instante e após uma discussão interna, resolvemos propor a compra da parte do sócio e ficarmos com o veículo, mesmo ao sabermos que os argumentos contra, foram bem penosos.

Ele, o sócio, surpreendeu-se quando lhe propusemos essa solução final para o caso. Ao denotar que muito de sua atitude mantinha uma intenção política velada de impor o terror e nos deixar à mercê de seu domínio. Com essa atitude de nossa parte, ele assustou-se com nossa intenção de se livrar dele, e ficarmos com o carro.

Em princípio, o rapaz aceitou, mas no decorrer dos dias posteriores, pôs-se a dificultar a aceitação, sob uma clara postura de que desejava tumultuar a negociação ao máximo, ao denotar que não seria o dinheiro que lhe interessava apenas, mas que havia acumulado rancores. Profundamente lamentável, mas só reforçara a ideia de que não era uma pessoa adequada para nos associarmos, e nós já tínhamos problemas demais para administrar, portanto ter que lidar com uma pessoa temperamental na equipe, seria um transtorno a mais.

Curiosamente, no meio dessa negociação penosa, um convite surgiu para dois shows e ainda tivemos que contar com ele. O plano foi assumirmos o carro e já havia uma planificação de shows para o final de fevereiro, a serem feitos no interior de São Paulo, e portanto, o tempo urgira para resolver logo esse impasse, contratar um motorista novo e arrumar uma garagem para o nosso carro. Independente desse imbróglio todo, os dois shows inesperados em questão, renderam histórias e em alguns aspectos, são hilárias!
Continua...

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