quinta-feira, 15 de outubro de 2015

Autobiografia na Música - Patrulha do Espaço - Capítulo 194 - Por Luiz Domingues

Esse último final de semana nos desgastara em demasiado. Além dos danos materiais que tivemos com o ônibus em si e as suas constante panes, o aspecto psicológico nos minara. 

Tivemos, portanto, uma semana taciturna com a lenta absorção de tal revés, mas os compromissos (e as contas), urgiam e dessa forma, no próximo final de semana teríamos um novo show. 
Desta feita, no entanto, não seria uma viagem extenuante, mas um show a ser realizado na grande São Paulo e cidade de Osasco, para ser específico. 

Ao se tratar de uma cidade vizinha, resolvemos evitar o uso do ônibus, mesmo por que, pela localização do estabelecimento em questão, seria um estorvo estacioná-lo em pleno centro daquela cidade, ainda ao se considerar ser perto do paço municipal, local tradicionalmente congestionado.

Tratou-se do estabelecimento conhecido como: "Taco & Birra", uma casa noturna, com ares de motoclube, misturado com salões de Rock ao estilo do Fofinho e a Led Slay, da zona leste de São Paulo.

A proposta de tocar nesse estabelecimento fora uma dica dos amigos da banda "Baranga", que costumeiramente se apresentava em bares desse porte, por conhecerem o circuito todo da grande São Paulo e muitas cidades do interior. Apesar da Patrulha do Espaço não se encaixar como uma luva em tais estabelecimentos, como o Baranga se encaixava, nós culminamos muitas vezes em nos apresentarmos em lugares assim.

Nesse dia em específico, realmente tivemos a companhia do "Baranga", compartilhando o palco e a noite. Além das duas bandas, uma terceira banda fez o show de abertura, chamada: "Nonah". Realmente não sei o significado que queriam dar com esse título, ainda mais com essa grafia, ao acrescentar uma letra "H" sem propósito ortográfico formal. Talvez fosse "nona", no sentido aritmético ordinal, talvez a denotar uma evocação à avó italiana de alguém, ou mesmo algo cabalístico, místico ou coisa que o valha.
E não me recordo do som dos rapazes para deixar um parecer digno, portanto, prefiro não dizer nada nesse sentido.

Após o show do Baranga, com aquela energia Rock'n' Roll e permeada pelas loucuras cênicas da parte do Deca e do Paulão, sobretudo, nós tocamos, e devo dizer que foi um show com bastante energia. 

Foi um público com intenção Rocker, não vou dizer que não, mas apesar dessa sinergia presumida, eu saí do palco com a impressão de que haviam poucas pessoas que realmente tiveram noção da história e das tradições da Patrulha do Espaço.

Foi um público caloroso e atento, é verdade, mas no semblante da maioria, pareceu ser nítida a questão que eu levantei acima. Não que isso nos incomodasse além da conta. O Junior, pela sua enorme experiência, ignorava e eu, também, mas cabe como reflexão certamente.

Foi, de certa forma, interessante deparar-se com um público Rocker, que não necessariamente, apesar disso, tivesse a noção exata de quem éramos e o que representávamos. Ouso dizer que tal situação foi inusitada outrossim, pois eu, particularmente, não me imagino a assistir uma banda dos anos sessenta, mesmo que não tivesse ficado mega famosa na época, sem no mínimo ter uma noção de onde ela vem, de quem foi contemporânea etc. Portanto, soara-me bastante exótica a perspectiva disso vir a acontecer com a Patrulha do Espaço, e de fato, tal fenômeno ocorreu várias vezes.

Um fator seria tocar para um público não acostumado com shows de Rock, onde se espera a perplexidade diante de uma sonoridade com a qual não estavam acostumados de forma alguma. Outra bem diferente e surpreendente, eu diria, foi deparar-se com plateias supostamente Rockers, mas sem muita noção do tempo/espaço, dentro de seu próprio nicho de interesse e atuação. Foi o caso que tivemos no "Taco & Birra", de Osasco-SP. 

Tratou-se de um bom show, não tenho queixas, aliás, a hospitalidade dos responsáveis foi notória, a destacar-se a persona de Paulo Callegari, este sim um Rocker com muito discernimento do que é o Rock, mas por outro lado, se tornou exótico perceber nitidamente que a maioria dos presentes não dimensionaram corretamente o que representara a Patrulha do Espaço. Tal show ocorreu no dia 2 de março de 2002, e haviam cerca de duzentas e vinte pessoas presentes no interior dessa casa, não o suficiente para superlotá-la, mas estava bem cheia, eu diria.

No pós-show, duas ocorrências não necessariamente a ver com a banda ocorreram, mas dignas de nota: uma presença ilustre e inesperada, na figura do baterista Ivan Busic, do Dr. Sin, apareceu para nos cumprimentar e uma moça que aparecia com regularidade nos shows da Patrulha do Espaço nessa época e que quase tivera uma participação como assessora da produtora, Sarah Reichdan em algumas situações entre 2001 e 2002, apareceu no recinto com a edição da Revista da Folha de São Paulo em mãos, e a conter a sua foto na capa da publicação. 


Como tal revista era encartada na edição de domingo, mas a partir do final da tarde de sábado já se encontrava à venda nas bancas, ela já estava com a edição em mãos. Tratou-se de uma matéria sobre adolescentes que tinham fixação por algum assunto em específico e ela participara nesses termos, ao conceder entrevista para falar que gostava de aparecer em programas de auditório da TV aberta. Em suma, uma bobagem, mas que lhe rendera os tais quinze minutos de fama, preconizados pelo Andy Warhol no decorrer dos anos sessenta.

O próximo compromisso da nossa banda dar-se-ia no interior de São Paulo, novamente, e seria a hora para exorcizar o demônio da semana anterior, quando da incidência de tantos dissabores que tivemos.

Continua...

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