sexta-feira, 30 de outubro de 2015

Autobiografia na Música - Patrulha do Espaço - Capítulo 214 - Por Luiz Domingues

Saímos na hora do almoço para Joinville-SC e tivemos um problema logo no início, pouco além de São Leopoldo, quando um pneu estourou na estrada. Nada muito problemático, pois demos sorte de ser um pneu sob melhores condições, e no primeiro borracheiro que encontramos, resolvemos o problema sem um maior trauma.

Dali em diante, a viagem foi prazerosa ao extremo, com longos trechos a vermos a orla marinha do Rio Grande do Sul e Santa Catarina, e a conversa foi animada dentro do "azulão".

Chegamos em Joinville com tranquilidade e com um bom tempo hábil antes da chegada do dono do estabelecimento. Tratava-se de uma casa com amplitude, praticamente um galpão que em outra época possivelmente serviu de armazém para as atividades do pequeno porto de água doce da cidade. Chamava-se: "Cais 90", e ficava à beira de um rio, perto do centro da cidade.
Enquanto o dono do estabelecimento não chegava, resolvi dar minha volta rotineira pelas imediações, à cata de uma banca de jornais, pois eu criara o costume de comprar os jornais locais, por conta de possivelmente existir a possibilidade de ter sido publicada alguma matéria, ou no mínimo um tijolo com o serviço do show no caderno de atrações culturais do dia.

Como nas cercanias eu nada achei, fui a caminhar até o centro da cidade que não era tão distante dali e fiquei bastante impressionado com a beleza da cidade, com várias construções residenciais principalmente, em estilo germânico acentuado. Muitas das ruas continham nome em duas línguas, grafadas em português e alemão, a mostrar o óbvio que eu já sabia, mas comprovei in loco: a força da imigração alemã na região, era enorme.

Quando eu voltei para o estabelecimento, o dono já havia chegado e os nossos roadies estavam a todo vapor a conduzirem o equipamento para o palco. O dono do estabelecimento era um rapaz de meia-idade, muito educado e simpático, a nos recepcionar muito bem em sua casa. Mas apesar dessa hospitalidade agradável, houve um problema no equipamento de PA da casa: só havia a metade de um equipamento normal, portanto, trabalhava sob um sistema mono, muito bizarro, eu diria. 

Leigo no assunto, o dono nem entendia o que lhe falamos sobre o equipamento, pois promovia shows ali para bandas locais que estavam acostumadas a usá-lo dessa forma, sem reclamar de nada.
Bem, fazer o que em uma circunstância dessas? 

Montamos o nosso backline e nos conformamos em ter um PA mono no show, o que foi absolutamente bizarro. Ficamos alojados em um bom hotel e após o jantar, fomos para o Cais 90, para esperar a hora de tocar.

Quando entramos no local, a casa estava abarrotada, o que nos animou, mesmo sob a perspectiva de ser mais um show em casa noturna inadequada. Nesses termos, estávamos mais do que acostumados a lidar com tal tipo de adversidade de nos apresentarmos para plateias não Rockers, e sem noção alguma de quem éramos, portanto a desconhecer nosso repertório.

Pela aparência geral, parecia ser uma juventude burguesa da cidade, mas não hostil, pois assistiram o show com atenção, e aplaudiram educadamente todas as músicas. Contudo, havia uma ala Rocker também, e esta se mostrou bem animada.

Nessa foto ao vivo de "Os Depira", Parffit está do lado esquerdo, com um baixo Rickenbacker em suas mãos.

Ali nessa noite eu conheci o baixista da banda "Os Depira", bastante conhecida na cidade, e que foi mais um dos encontros bacanas que sempre cito na minha história com a Patrulha, que me surpreenderam positivamente. A banda não tocou na abertura do nosso show, mas foi muito bacana ter conhecido Parffiti Balsanelli, e verificado que ele era um rapaz na nossa sintonia. 

Em nossa conversa, lembro-me bem que falamos bastante sobre Rock progressivo, onde ele citou bastante as bandas italianas setentistas que eu também aprecio bastante, caso do "Banco Del Mutuo Soccorso", entre outras.

Bem, muitos anos depois, tive o prazer de publicar uma resenha de um álbum de "Os Depira" em meu Blog 1, cujo link está aí abaixo:

http://luiz-domingues.blogspot.com.br/2014/11/cada-qual-com-seu-vicio-os-depira-por.html

De volta ao show, foi bom pela junção da animação dos Rockers locais e fãs da Patrulha do Espaço, com a boa vontade educada do público alheio em se portar placidamente perante um artista desconhecido por ele. Saímos satisfeitos do palco, portanto.

Aconteceu no dia 28 de junho de 2015, uma sexta-feira, e o "Cais 90" recebeu cerca de cento e cinquenta pessoas nessa noite. No dia seguinte, haveria um outro show em outra cidade, mas com percurso pequeno a se cumprir. Iríamos para a não menos bela, e fortemente influenciada pela cultura germânica, Blumenau.

Continua...   

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