domingo, 25 de outubro de 2015

Autobiografia na Música - Patrulha do Espaço - Capítulo 208 - Por Luiz Domingues

Uma nova fase da turnê, novamente pelo sul do país estava preparada. Isso consumiu bastante tempo da parte do Rolando Castello Junior, que agia como empresário da banda a acumular funções. Daí o fato de termos ficado sem uma sequência de shows maiores nos meses de maio e junho, pois as negociações para alinhavar uma turnê e com um mínimo de inteligibilidade logística, eram cansativas ao extremo.
Mesmo assim, com todas as dificuldades que uma banda sem estrutura empresarial adequada enfrentava, mesmo tendo história, currículo, pertencer a uma árvore genealógica nobre dentro da história do Rock brasileiro e também pela sua qualidade artística inquestionável, com o perdão pela minha absoluta falta de modéstia nesse último quesito.

Dessa forma, nos restou fazermos uma avaliação básica no nosso ônibus idoso e depois, emitirmos o sinal para o "seu" Walter dar partida no "azulão" e nós fazermos a longa jornada rumo ao sul.
Ao contrário da primeira etapa da turnê que fizéramos no mês de janeiro, sob intenso calor, mas nessa fase, enfrentaríamos o inverno rigoroso do sul e para nós que gostamos mais do frio paulistano que o calor tropical de grande parte do Brasil, foi um alento. Passaríamos por cidades catarinenses e gaúchas, algumas já antes visitadas, como São Leopoldo e Porto Alegre no Rio Grande do Sul, mas em relação às demais programadas, seria pela primeira vez.

Claro que estávamos motivados, mesmo ao levarmos em conta que seria cansativo ao extremo e com as dificuldades inerentes de uma banda a fazer turnê com uma estrutura muito aquém do que merecia.

Porém, resignados com as condições simples que tínhamos à nossa disposição, só mantivemos a animação por estarmos na estrada a levar o nosso trabalho para o público sulista e isso foi tudo para nós.

Partimos no dia 21 de junho de junho de 2002, com muito frio e mediante aquele clima de Copa do Mundo. O Brasil enfrentava a Inglaterra nas quartas de final do Mundial e todas as atenções a girar em torno dessa partida no país inteiro, enquanto enfrentávamos a estrada.

Já a rodar em direção ao Paraná, mas ainda em território paulista, tivemos problemas com o ônibus. Uma pane na parte elétrica não poderia ser ignorada em uma viagem que seria noturna em grande parte do trajeto. Então, tivemos que parar em um posto onde havia uma oficina para verificar isso e ali perdemos cerca de duas horas e deixamos uma nota vultuosa e não prevista, nas mãos do mecânico de beira de estrada. 

O nosso destino inicial seria Concórdia-SC, uma cidade localizada no oeste de Santa Catarina e para tal, assim que passamos por Curitiba, mudamos de estrada, com o objetivo de estabelecer uma diagonal, que cortaria bastante o caminho para atingirmos Concórdia. Por volta de duas da manhã, nós passamos pelo entroncamento de duas pequenas cidades que são praticamente unidas mas marcam a divisa entre estados: Porto União e União da Vitória.

Pequenas cidades e completamente desertas naquela horário, pareciam fantasmagóricas naquele momento, potencializado pelo frio intenso e a presença de uma acentuada neblina. Entramos enfim no estado de Santa Catarina e com a madrugada a avançar, o frio se intensificara e a neblina, também. 

Então, chegamos em um ponto em que a rodarmos muito devagar para vencer uma subida de serra íngreme, com aquele bólido pintado de azul escuro, sob intensa neblina, ficou muito perigoso o percurso, pois caminhões e ônibus providos de motor turbo, passavam por nós a voar e naquela lentidão, o risco de colisão com aquela neblina era terrível. 

Resolvemos parar um pouco para esperar dissipar a neblina um pouco que nos garantisse visibilidade mínima e só prosseguimos após melhorar um pouco, mas não muito. A neblina ficara fortíssima e a perspectiva foi que ela continuasse até o sol raiar.

Finalmente chegamos em Concórdia-SC, já no passar das cinco da manhã e nos instalamos no confortável apart-hotel que a produção local nos reservara. 

Assim que abrimos a entrada que dava acesso à uma sacada, vimos uma paisagem muito agradável, com um bosque e um riacho que produzia um ruído relaxante ao extremo e isso embalou o sono de todos os participantes da nossa comitiva. Apesar das dificuldades que enfrentamos na estrada, a nova etapa da turnê começara bem...

Continua...

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