sexta-feira, 4 de setembro de 2015

Autobiografia na Música - Patrulha do Espaço - Capítulo 119 - Por Luiz Domingues

Pois então, a informação que a Sarah nos passou, surpreendeu-nos negativamente. Segundo ela, o Sérgio não se interessou pela parceria, ao alegar que o seu trabalho solo era voltado para o futuro, e não a apontar para o "passado" e que a Patrulha do Espaço desfraldava bandeiras velhas em seu front de batalhas.  

Tudo bem, poderíamos até entender essa mentalidade diferente, mas lamentamos que por outro lado ele não enxergasse a realidade da mesma maneira que nós.  Enquanto ele pensava em atraso e estagnação, a nossa visão era diferente, pois víamos ressurgimento, reciclagem, resgate... enfim, o religare. Havia toda uma geração nova, a buscar a vibração "Woodstockiana", apaixonada pelos Mutantes, e que nem era nascida naquela época a demarcar o seu auge em meio aos anos sessenta e setenta. 

Tais jovens dos anos dois mil aprenderam a amar toda aquela estética através dos discos velhos dos pais, e quando ninguém mais esperava, eis que surgira uma juventude em expansão, a ansiar (re)viver a experiência naqueles moldes, e infelizmente ele não havia percebido isso ainda (poucos anos depois, creio que enfim percebeu e só então tomou providências para trazer os Mutantes de volta à cena e claro, desde então, o seu público costumeiro são esses Neo-Hippies), e ainda trilhava a mentalidade oposta de buscar o futuro e renegar o passado, para não se sentir, talvez a julgar o seu raciocínio inicial, uma peça de museu. Bem, não cabe julgamentos por juízo de valor. Ele fez o que achou melhor para os seus interesses na ocasião e ponto final. 

Entretanto, nós ficamos chateados, aí sim, quando vimos cartazes Lambe-Lambe pelas ruas, a anunciar o show solo, dele no Sesc Pompeia, e marcado para a data que seria nossa! Portanto, sob uma inversão total, fomos excluídos de um projeto que fora nosso, anteriormente.

Muitos amigos nossos foram prestigiar esse show e a posteriori, ficamos a saber que foram mais de mil pessoas presentes no auditório, em sua maioria jovens com aparência de Hippies sessenta-setentistas, ávidos por ver o grande Mutante em ação.
A abertura do show foi com o tema "Exp", uma vinheta psicodélica e ufologica gravada pelo Jimi Hendrix na abertura de seu LP: "Axis: Bold as Love", de 1967, e assim, o Sérgio deu mostras de que começara a repensar a sua opinião sobre "bandeiras velhas do passado", que bom.

Tudo bem, a vida seguiu e após explicar nesse preâmbulo a relação pregressa da Sarah Reichdan, conosco, posso enfim falar sobre a proposta de show acústico que ela nos fez, para o Sesc Pompeia, e bem no meio da crise energética que assolara o país nessa época, graças ao planejamento "brilhante" de suas autoridades muito "responsáveis" de então...

Continua...

 

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