terça-feira, 22 de setembro de 2015

Autobiografia na Música - Patrulha do Espaço - Capítulo 154 - Por Luiz Domingues

Quando chegamos ao local, realmente foi animador verificar que a casa estava muito cheia. Uma pena ter sido um espaço pequeno, mas o produtor, Marcelo Domingues, nos assegurou que aquela primeira investida fora uma preparação para algo maior e compatível com a tradição da banda, portanto, nos resignamos em tocarmos nessa ocasião no pequeno Bar Valentino, mas estávamos alegres pela acalorada recepção, e o show foi quente do primeiro ao último acorde.  
De fato, foi um show energético, com muita volúpia Rocker e sobretudo marcado pela calorosa recepção do público de Londrina.

Quando emitimos o último acorde e não haveria a possibilidade de mais um bis, o público teve uma reação engraçada pois debandou rapidamente do bar, como se estivesse no ambiente de um teatro. Não pareceu ser comum uma debandada dessas em meio a um ambiente de casa noturna, pois o normal seria que tais pessoas tivessem permanecido no ambiente, pelo menos em sua grande maioria. Entretanto, houve uma razão para tal atitude e só depois percebemos. 
Segundo amigos de Londrina nos revelaram, aquele procedimento era comum ali naquela casa em específico, por que o público que apreciava shows autorais, comparecia, via o show do artista e se evadia, pois depois a casa recebia um outro público completamente diferente, interessado em usufruir da balada e paquera, sem música ao vivo. E houve mais um elemento nessa dinâmica, pois a nova turma que tomava conta do ambiente, era um público gay, predominantemente. Por isso, vimos a debandada do público Rocker, e a chegada de casais gays, masculinos e femininos, a lotar as mesas, e a ignorar a desmontagem do nosso equipamento.

Nessa etapa da turnê, estávamos desfalcadíssimos, pois o único roadie de fato, Samuel Wagner, ficara doente, e não nos acompanhou nessa etapa da viagem. A nossa equipe que já era reduzidíssima, ficou inoperante, praticamente, pois só tínhamos a presença de um carrier que estava a viajar conosco, e ele não entendia nada das funções de montagem, desmontagem e sobretudo sobre os socorros que todo roadie presta no decorrer dos shows, sendo então, absolutamente inadequado para cumprir tais funções. Por sorte, nenhuma ocorrência mais grave nos acometeu, que precisasse de um apoio mais categorizado no palco.  


Fomos ao hotel Berlim e enfim pudemos dormir. No dia seguinte, tínhamos mais de trezentos Km para rodar rumo à Avaré-SP, de volta ao nosso estado. 

No caminho para Avaré, o produtor do show de Ourinhos-SP, que houvera desistido do show naquela cidade, ligou-nos para lamentar o cancelamento etc. Ele desmarcara o espetáculo por que no mesmo dia haveria uma festa ao ar livre patrocinada pela Prefeitura dessa cidade e por conta de tal fatalidade, ele temeu por um fiasco em sua casa noturna. Para o seu (e o nosso) azar, o rapaz foi surpreendido a posteriori pelo cancelamento da festa da prefeitura, devido ao mau tempo e que fatalmente não atrapalharia a realização do nosso, na contrapartida e assim, ficou sem show. Pena mesmo por não ter ocorrido, pois teria sido um prazer tocar em Ourinhos, ou seja, paciência!

Faltou dizer que essa show em Londrina ocorreu no dia 10 de janeiro de 2002, e no Bar Valentino, havia cerca de cento e cinquenta pessoas presentes, mas acredite, amigo leitor: a casa comportava com certo conforto, apenas cinquenta pessoas, ou até menos, portanto, esteve mesmo superlotado.

O azar foi mesmo ter sido realizado em uma casa de pequeno porte, pois certamente teríamos atraído um público maior, entretanto, o produtor, Marcelo Domingues, trabalhou dentro de suas possibilidades e ao contrário do aventureiro que nos levara para um festival mal produzido na mesma cidade, em 2000, ele não quis fazer nenhuma loucura. 

O cachê prometido foi módico, porém pagou a despesa da viagem inteira dessa fase da turnê. A ideia foi ganhar dinheiro com os dois outros shows, mas com a desistência de Ourinhos-SP, esse plano veio terra abaixo. Nessa fase, a última esperança dessa semana deu-se em Avaré-SP, mas houve um quase impedimento para que isso se concretizasse e nós sabíamos desde o princípio: em Avaré, a casa "Ferro Velho" era pequena, e para propiciar um resultado financeiro razoável precisava super-lotar como ocorrera em Londrina...

Continua...

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