domingo, 20 de setembro de 2015

Autobiografia na Música - Patrulha do Espaço - Capítulo 146 - Por Luiz Domingues

Depois do excelente show do "Hare", chegou a nossa vez. Claro que não esperávamos nenhuma comoção, pois ficara nítido que a casa estava lotada por um público não aficionado, e em sua maioria, formada pele jovem burguesia local.  
Fotos do show em Mirassol-SP, dezembro de 2001. Acervo e cortesia de Junior Muelas

No entanto, os Rockers presentes se mostram valorosos e trataram de arrumar um jeito de ficarem bem próximos do palco, para garantir a atenção e acolhida boa para nós.  
Patrulha do Espaço em ação em Mirassol-SP, dezembro de 2001. Acervo e cortesia de Junior Muelas
 
E foi assim que tocamos, com bastante garra, para arrancar aplausos dos Rockers, e também para despertar a atenção generalizada somente quando tocamos a nossa releitura da canção: "Ando Meio Desligado", mas claro, da parte dos incautos, por reconhecê-la como uma música do grupo Pop-Rock, "Pato Fu", que a regravara no início dos anos 2000, e que se tornara tema de novela da Rede Globo.

Enfim, a despeito disso, foi um show muito bom, e apesar do cansaço que foi evidente pelo acúmulo de dias passados na estrada, nós tocamos com muita motivação, e saímos do palco bastante satisfeitos com a performance.
Patrulha do Espaço em Mirassol-SP, dezembro de 2001. Acervo e cortesia de Junior Muelas

Pelo aspecto financeiro, o show de Mirassol fora uma aposta na movimentação da bilheteria. Como foi um encaixe, de volta para a casa, e a encerrarmos a turnê, foi o único show que não nos preocupou, nesse sentido. Em Americana e Monte Alto, o cachê cobriu a despesa toda da viagem, São Carlos foi uma perspectiva de engrossar a féria e surpreendeu positivamente, com Jales a apresentar cachê fixo e bom, ao significar assim, o lucro garantido da turnê. Portanto, Mirassol seria um adendo, um reforço de caixa.

Entretanto, a super lotação da casa fora muito além de nossas mais otimistas projeções, e a féria encorpou o nosso lucro geral de uma maneira absurda. Não citarei valores, obviamente, mas digamos que o lucro dessa turnê pagou mais da metade do ônibus, e toda a despesa de oficina para transformar a sua porta traseira, e promover a nova pintura do veículo. 

Lembro-me bem do sorriso da Claudia Fernanda, a anunciar o sucesso financeiro da empreitada, após fechar a conta com o dono do estabelecimento. Aliás, nem o próprio dono esperava um sucesso tão grande e inebriado por esse sucesso estrondoso, já se abriu a perspectiva de voltarmos à casa, e de fato, isso ocorreria novamente no início de 2002.

Quanto ao carro, o nosso sócio-motorista promovera uma troca de óleo na cidade de São Carlos. Como ele mesmo quis fazer a operação, por alegar que economizaria ao não levar o veículo a um posto de gasolina, eis que ele tratou de comprar baldes de plástico e arrumou muitos maços de jornais velhos para não sujar o pátio onde foi feita a operação.

Guarde esse fato singelo, caro leitor... daqui a alguns capítulos adiante, você irá se lembrar do tal baldinho. Para encerrar: após o show, fizemos um lanche na loja de conveniência de um posto de gasolina próximo à saída de Mirassol, acompanhado dos amigos do "Hare", e de vários amigos desses rapazes, que eram fãs da Patrulha do Espaço. Um rapaz abordou-me e me desconcertou, pois de forma surpreendente, disse ser meu fã, e que havia me visto tocar com o Língua de Trapo em São José do Rio Preto, no ano de 1984! O rapaz aparentava ser jovem, e portanto devia ser criança ou no máximo pré-adolescente naquele ano citado. Ele descreveu com detalhes o show que assistira e até particularidades sobre o equipamento de palco que usamos na ocasião, para comprovar que estivera presente, mesmo, ou seja, que mundo pequeno!

Nos despedindo dos amigos, e tomamos o rumo para São Paulo. Passava das 4:00 horas da manhã do dia 31 de dezembro de 2001. 

O ano de 2001 estava a se encerrar, e o fecháramos com uma turnê de fato, constituída por shows consecutivos, o sonho de qualquer artista, independente de seu espectro. Não éramos os Rolling Stones, a cumprir turnês gloriosas e plenas de cachês milionários e mordomias, mas estávamos felizes por estarmos na estrada e a fazer o nosso som.
O resultado financeiro da turnê fora acima das expectativas, e vendemos discos nos shows e nas lojas locais. Muitas matérias foram publicadas nos jornais interioranos, também. Enfim, apesar das dificuldades inerentes, estávamos com a sensação de vitória nessa viagem de volta à São Paulo. Já tínhamos perspectivas de outras mini-turnês para o início de 2002, e queríamos enfim, acelerar o processo para lançar o novo álbum que estava gravado, mas engavetado naquele instante em seu processo de finalização.

Chegamos em São Paulo por volta de 11:00 horas da manhã, muito cansados, mas satisfeitos, portanto. Nesse instante, foi o momento para descansar e nos reagruparmos para darmos prosseguimento. E o próximo compromisso seria cumprido logo no dia 5 de janeiro de 2002, na cidade de São Roque, interior de São Paulo, e há uma história pitoresca para contar...

Finalmente, faltou dizer que o show em Mirassol ocorreu na casa "Planet Beer", no dia 30 de dezembro de 2001, um domingo. O público presente nessa noite, foi de cerca de quatrocentas pagantes.
Próxima parada: São Roque-SP, em 2002!
Continua...

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