sexta-feira, 4 de setembro de 2015

Autobiografia na Música - Patrulha do Espaço - Capítulo 118 - Por Luiz Domingues

Nesses termos, a Sarah teve que nos comunicar essa repentina decisão da produção e assim, sem muitos meios para fazer impor a nossa determinação de usar a data somente para nós, nos acostumamos com a ideia do compartilhamento. Foi a concretização de tal predisposição em tom de sabedoria popular: se houver um prato de comida para duas pessoas, é preferível dividir ou se abrir mão da sua metade?

O lado bom disso, em linhas gerais, foi que o artista com o qual compartilharíamos a data e o palco, seria necessariamente um "dinossauro" setentista, o que foi um alívio, pois poderia ser pior se inventassem de nós dividirmos a noite com uma banda daquelas "modernosas" do início dos anos 2000, onde predominavam os trogloditas de bermudas, o que aliás, coloca em cheque a curiosa denominação pejorativa de "dinossauro" para designar artistas oriundos das décadas de 1960 & 1970, pois homens das cavernas foram na verdade aqueles trogloditas, enfim...
Então, em uma rápida reunião interna da banda, pensamos nas hipóteses óbvias de grupos de Rock tais como: Made in Brazil, Tutti-Frutti e O Terço como opções setentistas que estavam na ativa naquele momento. Mas uma quarta sugestão pareceu-nos interessante naquele instante, para se estabelecer uma diferenciação, visto que já tínhamos tocado com o Tutti-Frutti e o Made in Brazil em um passado bem recente, e no caso d'O Terço pareceu-nos um pouco inacessível naquele instante.

Lembramos que o guitarrista dos Mutantes, Sergio Dias, estava a se mudar de volta para São Paulo, após muitos anos fora do Brasil e também depois de uma temporada longa vivida na Serra das Araras, na fronteira tríplice entre Rio, Minas e São Paulo. Quando nos encontramos com ele em março de 2001 nos bastidores do programa Miguel Vaccaro Netto, ele havia nos falado que preparava sua mudança definitiva para viver em São Paulo, novamente, e que iria articular-se para fazer shows a visar promover o seu novo CD solo, que estava recém lançado, chamado: "Estação da Luz". Portanto, logo elucubramos: É isso!
Patrulha do Espaço & Sergio Dias seria sensacional nessa época, em que fazia muito tempo que ele não se apresentava no Brasil e talvez não soubesse com a concreta dimensão, mas havia toda uma nova geração de jovens que apreciavam os Mutantes, a estabelecer uma onda Neo-Hippie e que certamente tal contingente lotaria o Sesc Pompeia, com possibilidade forte de motivar a presença de pessoas do lado de fora da referida unidade, sem conseguir comprar ingresso.

Além disso, a Patrulha do Espaço, a viver aquele momento com a proposta do CD Chronophagia, cairia como uma luva para o evento, por dedução lógica e dessa forma, mandamos essa devolutiva para a Sarah. Ela adorou a ideia e se prontificou a avançar com tal projeto. Imediatamente o Rolando Castello Junior forneceu o contato do Sérgio para ela, e a abordagem foi feita. Mas, a reação dele, o guitarrista mutante, não foi a que esperávamos, infelizmente... 

Continua... 

 

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