terça-feira, 1 de setembro de 2015

Autobiografia na Música - Patrulha do Espaço - Capítulo 112 - Por Luiz Domingues

Algum tempo antes dessa cronologia que enfoco, de setembro de 2001, eu e Rodrigo havíamos visitado a unidade do Sesc Itaquera, na zona leste de São Paulo, para entregar o nosso material à sua cúpula. Acho que foi em maio ou junho do mesmo ano que tal esforço ocorreu. Não fora uma visita a esmo, mas sim motivada por um contato que o Rodrigo havia arregimentado, mas de uma forma inusitada, pois não foi algo muito usual.

A explicar melhor, tratou-se de um contato oriundo de um amigo de infância do Rodrigo, que tinha um tio que por sua vez era componente da cúpula diretora daquela unidade. O inusitado, foi que o senhor foi solícito e educado ao nos atender, mas em nenhum momento esboçou entender que a Patrulha do Espaço era uma banda dotada de muita história no contexto do Rock Brasileiro e a possuir um portfólio gigantesco.

Na sua avaliação prosaica e sem senso algum, éramos uma banda de jovens desconhecidos, a pleitear tocar no Sesc, como se fosse o primeiro show da vida. Eu ouvia e via as suas colocações completamente deslocadas da realidade, mas não acreditava na bizarra conversação ali travada! 

Ele parecia não entender (e na verdade, não se esforçava para tal) as nossas ponderações e mecanicamente falava que analisaria a possibilidade de uma apresentação, mas não para o palco grande, ao ar livre, onde costumavam acontecer shows de artistas famosos da MPB e para multidões de até vinte e cinco mil pessoas, mas sim, para um espaço mais tímido, visivelmente destinado para bandas cover tocar em um ambiente lounge/intimista, só para entreter poucas pessoas em uma área de descanso. 

Enfim, nem o fato de eu estar presente nessa reunião e com a minha aparência ali naquele momento já a denotar a meia-idade (eu tinha quarenta para quarenta e um anos de idade nessa ocasião), parece ter acionado o "desconfiômetro" do senhor em questão.

Saímos daquele gabinete desconfiados de que o material poderia de fato chegar às mãos de quem cuidava da parte artística, pois acreditamos na boa vontade desse senhor, e aí se ele quisesse ajudar por conta da indicação de amizade que motivara a nossa abordagem, seria uma ajuda bem-vinda.

A vida seguiu e no início de setembro, a Claudia Fernanda que era a nossa produtora, nos disse que recebera um telefonema do Sesc Itaquera, a oferecer-nos uma data, mas com a ressalva de que esta seria muito próxima, e compartilhada com outros artistas. Foi em cima da hora, tivemos que nos apressar para resolver todas as exigências burocráticas que o Sesc solicita normalmente, e não seria um show exatamente como gostaríamos que o fosse. Todavia, como o próprio rapaz do Sesc que nos atendera meses antes, nos disse, seria uma forma simpática de colaborarmos, e isso alavancaria a possibilidade de promovermos shows apenas nossos para essa, e em outras unidades do Sesc. Nesses termos, como um "investimento de carreira", aceitamos tocar.

Falo a seguir sobre o show e as companhias de palco que nós teríamos naquela tarde...

Continua... 

 

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