segunda-feira, 6 de julho de 2015

Autobiografia na Música - Sala de Aulas - Capítulo 76 - Por Luiz Domingues

Os irmãos Schevano, Ricardo & Marcello, e Toni Peres Rodrigues, da esquerda para a direita. Marcello usa a camiseta do Pitbulls on Crack  

O assunto do momento dali em diante, dentro de minha sala de aulas, passou a ser naturalmente, a gravação do CD Lift Off, do Pitbulls on Crack. Cada pequena informação que lhes fornecia, foi um fator motivacional e tanto para a minha garotada. Claro que não cometi o deslize de convidar nenhum deles para ir visitar o estúdio em uma sessão de gravação, pelo caráter inadequado que tal predisposição teria, obviamente.
          A gravar o CD Lift Off, do Pitbulls on Crack, em 1996...

O importante, todavia, foi que mais uma vez eu senti essa comunhão entre a banda pela qual eu tocava na ocasião e o outro mundo em que vivia nos anos noventa, ou seja, justamente a minha sala de aulas e a lidar com o meu quadro de alunos.

Quando o segundo semestre iniciou-se, o movimento na minha sala de aulas pareceu estar dentro da rotina. Eu estava habituado com a rotina de perder alguns alunos no pós-férias, mas logo na metade de agosto, essas lacunas eram normalmente preenchidas pela entrada de novos alunos. Essa foi uma dinâmica normal para o período das férias escolares de julho, e o mesmo ocorria em dezembro, quando na proximidade do natal havia uma debandada, mas os que não voltavam em janeiro, eram substituídos rapidamente por novos alunos que chegavam.

No entanto, essa regra quebrou-se em 1996, e sem que houvesse um motivo plausível, lembro-me que na metade de agosto, perdi oito alunos em uma única semana.  A maioria comunicou-me de sua desistência das aulas, alguns poucos sumiram sem satisfações, mas pelo que percebi, foram motivações completamente diferentes entre cada um eles e não houve a menor possibilidade desse ato ser algo arquitetado coletivamente, ou que denotasse algum tipo de boicote e/ou sabotagem.

Eles simplesmente debandaram e claro que o número significativo a marcar oito, causou um pequeno estrago no meu orçamento. O pior de tudo, foi que não houve a costumeira reposição, e essa queda repentina provocou uma diminuição no meu quadro, da qual nunca mais consegui recuperar-me.

Doravante, nos últimos anos em que dei aulas, o meu número médio ficou desse patamar para baixo. Estava quebrada a minha média de trinta e cinco alunos, que eu mantive praticamente desde 1989. 

Foi engraçado que nessa época, eu não tinha planos para encerrar a minha atividade como professor particular, tão cedo. O Pitbulls on Crack dava mostras de crescimento, mas eu não confiava plenamente na banda para que em um curto/médio prazo, me oferecesse condição de estabilidade financeira para não precisar mais dessa atividade paralela.

E mais estranho ainda, foi que na hora em que verifiquei essa queda, eu tive o insight claro de que ali começara o fim da minha atividade como professor. Até hoje, não tenho nenhuma explicação plausível, mas o fato concreto, é que nessa semana de agosto de 1996, essa queda de alunos repentina, realmente foi o primeiro sinal de que essa atividade caminhava para o seu final. Muito embora isso tenha sido sacramentado de fato, somente três anos depois. E apesar de contar com menos alunos inscritos, a minha sala de aulas ainda protagonizaria muitas histórias, inclusive mais um pico de euforia, que ganharia volume no ano de 1998.
Continua...

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