quarta-feira, 8 de julho de 2015

Autobiografia na Música - Pitbulls on Crack - Capítulo 102 - Por Luiz Domingues

Bem, a estrutura do festival era boa e sobre tal pormenor, eu não tenho queixas, pelo contrário, elogios. 

O transporte chegou rigorosamente no horário combinado, a conter a minha residência como endereço base, e com a presença do motorista e um assistente de produção, simpáticos e solícitos, um camarim decente, embora fosse o menor (mas isso não incomodou-nos em nada), equipamento condizente com a envergadura do evento etc. Sabíamos de antemão que o público seria hostil, pelo fato de haver na escalação do evento nomes como: Ratos de Porão, Os Inocentes, e Raimundos como atrações principais. Amenizara a nossa situação, a presença do Golpe de Estado, um digno representante do Hard-Rock brasileiro e que detinha tradicionalmente, um público enorme na região do ABC, desde os anos oitenta. Uma outra capacidade extraordinária do Golpe de Estado, foi haver uma convivência harmônica com bandas de searas teoricamente hostis ao seu trabalho, tais como o Punk e o Heavy-Metal, e aliás, eu nunca soube que o seu público em específico ou a banda em si, houvesse sido hostilizada por ocasião de shows híbridos dessa natureza. Portanto, ao pegar o vácuo dessa "proteção", sentimo-nos mais seguros.

Claro, esse sentimento foi mais de minha parte do que uma expressão coletiva do Pitbulls on Crack, pois os outros três estavam pouco ou nada preocupados com a possível hostilidade de um público agressivo, hostil e de certa forma, antagônico. Eles contavam piadas como sempre, e a possibilidade de sermos apedrejados, literalmente, só despertara-lhes a chance para criarem inúmeras piadas, como de hábito.

E havia uma ligação clara do Chris Skepis, com o movimento Punk, o que talvez amenizasse um pouco essa perspectiva. De fato, desde o início das atividades do Pitbulls on Crack, sempre houve um assédio positivo da parte dos punks para com o Chris, por conta de sua passagem pelo "Cock Sparrer", banda britânica de Punk, da cena de 1977, portanto, contemporânea daquelas bandas iniciadoras do movimento. 

E assim, sempre observei que ele era realmente muito respeitado e admirado nesse meio, e nem o fato de usar cabelos longos pela cintura, um item antagônico aos ideais dessa gente, incomodava-os. Pelo contrário, vi muitas vezes ele ser abordado por fãs entusiasmados e a venerá-lo como a um ídolo. Claro que diante dessa perspectiva, também foi um alento. 

Mas convenhamos, talvez isso ocorresse em relação à alguns fãs mais antenados dos Ratos de Porão e Inocentes, mas dificilmente aos seguidores da então última moda noventista. Enfim, foi esse o panorama que apresentava-se para esse show, e lá fomos nós...
 

Fomos bem recebidos pela produção, cumprimos o ritual do soundcheck sem problemas e fomos para o camarim esperar pela nossa vez de apresentarmo-nos, e seria uma longa espera...


Continua...

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