terça-feira, 28 de julho de 2015

Autobiografia na Música - Patrulha do Espaço - Capítulo 98 - Por Luiz Domingues


Nunca foi o meu objetivo de carreira ser "reconhecido" como baixista, a buscar elogios pessoais no sentido do enaltecimento individual etc. Desde o primeiro instante de minha carreira, nos primórdios de minha primeira banda, o Boca do Céu, a minha meta sempre foi trabalhar coletivamente, jamais sob o prisma individual.

Por isso, eu nunca quis ter matérias em revistas especializadas, como um fator de autopromoção individual. Mas claro, se tal tipo de oportunidade gerasse um dividendo para a minha banda, seja lá em qual estivesse, logicamente que não recusar-me-ia em conceder uma entrevista entrevista.

Foi o que aconteceu através da revista: "Cover Baixo", especializada para baixistas, em sua edição de agosto de 2000. Eu fui abordado e aceitei o convite para ser entrevistado, e no caso foi por telefone que respondi uma série de perguntas formuladas pelo jornalista de tal veículo, com o claro objetivo de agregar mais exposição para a Patrulha do Espaço, e consequentemente de nosso recém lançado CD. Eis a íntegra da matéria:


"Luiz Domingues - Palhetada Rock na Patrulha"

Quando se pensa em contrabaixistas brasileiros, a primeira imagem que vem à cabeça de muita gente é a de alguém tocando com muito swing e slap, como fazem Pixinga e Arhur Maia, por exemplo.

No entanto, desde 76, Luiz Domingues - anteriormente conhecido como Tigueis - vem colocando os baixistas de Rock nacionais num patamar de reconhecimento nacional. Tocando agora com a lendária Patrulha do Espaço, Luiz une o hard Rock tradicional dos anos 60 e 70, com pitadas de progressivo. O resultado pode ser conferido no novo álbum da banda, Chronophagia, gravado no início deste ano.

"É um disco bem eclético, no qual mesclamos todas as nossas influências", afirma Luiz. "Tanto é que dedicamos cada faixa a uma banda que gostamos, como Yes e Led Zeppelin".

Os fãs do som "gordo" que Luiz extrai palhetando seus baixos não ficarão decepcionados : "Meu som sofreu muitas influências, mas sempre procurei ter uma característica própria, que se dá enfatizando as sonoridades médias e graves".

Luiz ainda garante que não vê problema nenhum em ser um baixista roqueiro no Brasil : "Sempre assumi essa postura, com todos os prós e os contras". E digo mais : os músicos brasileiros tem uma facilidade muito grande para unir o Rock com o Funk, e essa música agressiva, mas com groove, vai estourar no futuro".



Bem, é preciso salientar que nesse mundo específico de baixistas, existe muito preconceito em diversos aspectos. O primeiro deles, é o do uso da palheta, que para os radicais de plantão, é uma heresia.
Um certo maioral do mundo dos virtuoses do baixo, falou mal de minha pessoa, sem ao menos me conhecer, por conta desse preconceito paradigmático. Um ex-aluno meu revelou-me ter comparecido a um workshop realizado por músico, e em um dado instante, alguém formulou uma pergunta, a citar-me como um exemplo. Esse rapaz teria dito algo como: -"Fulano, o que você pensa de baixistas que usam palheta, como o Luiz Domingues, por exemplo?" Segundo me contaram, ele ironizou-me ao microfone e foi bem deselegante, ao responder-lhe que considerava que eu (Luiz), não tocava nada, e isso explicara automaticamente o que ele pensava sobre "palheteiros".

Está bem, então... não me importo em "não tocar nada", mas falar isso sobre quem usa palheta, implica citar subliminarmente um músico do calibre de Chris Squire, por exemplo. E claro, é de uma imbecilidade atroz, só para citar um baixista que ele chamou pejorativamente como: "palheteiro".

Bem, é por essa e outras razões, que eu detesto esse mundo formado por músicos pedantes que se arvoram da superioridade técnica que adquiriram. Não faço parte desse rol que pensa e age dessa forma, definitivamente. 

Toco baixo com 4 cordas, vintage, com encordoamento 040, uso palheta, odeio captação ativa, detesto amplificadores da marca Hartke e similares desse naipe, desenhados para serem usados por baixistas que usam baixos com cinco ou seis cordas, principalmente. Não me encaixo em tais paradigmas, portanto, sou um reles "palheteiro", mesmo, se assim desejarem.

Sou um Rocker, apenas, e não tenho vergonha alguma de me assumir nessa condição. 

Claro, no cômputo geral, achei a entrevista boa e certamente que foi bastante benéfica para engrossar os esforços de divulgação em prol da Patrulha do Espaço e do seu novo CD. Dois anos depois, essa mesma revista procurar-me-ia novamente e desta feita, lançou uma matéria ainda maior.

Continua...

2 comentários:

  1. Meu caro "Tigueis",
    É respeitável e vitorioso o seu trabalho.
    Agradeço pela influência e por manter a chama do rock brasileiro acesa.
    Forte abraço,
    Herick

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Olá, Herick!

      Que bacana a sua manifestação de apoio, amigo! Fiquei feliz por saber que visitou o meu Blog e deixou este comentário tão simpático.

      Grato pela força e um grande abraço!

      Luiz Domingues

      Excluir