quinta-feira, 9 de julho de 2015

Autobiografia na Música - A Chave do Sol - Capítulo 380 - Por Luiz Domingues


Depois dessa bomba atômica anunciada por Zé Luiz, o sentimento de perda e inerente tristeza, por tal determinação da parte dele, poderia ter tido o efeito devastador do desânimo total e consequente final da banda, simplesmente. Todavia, o nosso sentimento na época foi prosseguir a lutar para tentar sobreviver, apesar das intempéries, mesmo diante de uma perda desse tamanho, que teve o mesmo efeito de uma amputação, com o perdão da metáfora forte.

Independente do nosso drama pessoal, tínhamos construído uma credibilidade pública com o trabalho, e mais que isso, arregimentamos um séquito de fãs, portanto, foi imperioso que os sobreviventes não desanimassem, sob a pena de jogar fora todas essas conquistas duramente alcançadas ao longo de cinco anos de trabalho. E nem vou citar os fatores emocionais que também fizeram parte dessa equação. Com a falta do Dinola, não pensamos em procurar um novo baterista, de imediato, embora soubéssemos que isso se faria necessário com urgência.

Pode parecer paradoxal, e eu acho que o foi mesmo, no entanto, fatores alheios à nossa vontade, fizeram com que tomássemos essa decisão de não sairmos à busca de um substituto, com desespero.

Isso por que, após o show realizado em Santos-SP, em maio de 1987, não tivemos mais nenhuma perspectiva de apresentação, a gerar um estranho hiato, mas que veio a calhar, pela nossa situação periclitante naquele instante, com a baixa do Dinola em nossas fileiras. Mas por outro lado, ainda surgiam oportunidades na mídia, que a grosso modo, nem desconfiava que vivíamos crise interna, e de fato, não deveria tomar ciência de nossa situação.

Uma nova chance que surgiu, foi a de uma entrevista para uma revista masculina com circulação nacional. Ainda a vivermos uma fase com exposição midiática boa, fomos convidados a concedermos entrevista à revista: "Homem".

Fomos à redação da referida publicação e tal escritório em nada diferira de nenhuma redação de revista de música & cultura, com exceção de várias capas de suas edições penduradas pelas suas paredes, e nesse caso, inevitavelmente a assemelhar ao ambiente de oficinas mecânicas e/ou bares de quinta categoria, tamanha a profusão de mulheres nuas ali expostas.

Bem, ao seguir os passos de suas concorrentes de mercado, a "Homem" também disfarçava a sua intenção, para manter departamento cultural, com entrevistas e notas sobre artes, espetáculos e lançamentos em geral, e sem julgamento moral de minha parte, de forma alguma, se queriam falar sobre a nossa banda, e o seu trabalho musical, eu não vi (e continuo a não ver), mal algum em estar ali a ser enfocado nas suas páginas.

Foi uma entrevista boa, não posso me queixar, e mesmo não sendo uma publicação especializada e sobretudo por ter esse estigma de não seriedade, por mais atender as expectativas de adolescentes e solitários onanistas em geral, foi válido em minha avaliação.
Digno de nota, Edgard, o "ET", foi conosco para participar dessa entrevista e não se fez de rogado, ao pedir ao jornalista que nos sabatinou, que publicasse em anexo, um poema de sua autoria... e não é que o rapaz e o seu editor, acataram o seu pedido? Hilário!

Continua...

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