domingo, 17 de maio de 2015

Autobiografia na Música - Sala de Aulas - Capítulo 42 - Por Luiz Domingues


Mudou o ano, enfim e 1993, traria o início de uma nova fase, embora eu não pudesse suspeitar sobre tal marca no calor dos acontecimentos, é evidente. A melhor etapa da minha vida como professor, e cujos frutos seriam visíveis anos depois, com tantos ex-alunos a alcançar o sucesso, e o mesmo em relação à bandas que tiveram as suas respectivas sementes primordiais plantadas na minha sala de aulas. Claro, eu não poderia ter essa visão no virar do ano de 1993, e ela só é possível, hoje em dia, graças ao distanciamento histórico. Foi um divisor de águas, mas na época não foi perceptível, logicamente.

Um dos primeiros alunos dessa novíssima safra que iniciou as suas aulas comigo em 1993, chamava-se : Ricardo Garcia. Ele jamais não integraria o meu exército formado por neo-hippies, por não vibrar nessa sinergia estética, mas era amigo da maioria dos demais alunos e por deter um temperamento forte, protagonizou várias situações, por muitos anos. O seu negócio cabedal primordial pendia para o Metal extremo, mas na contrapartida, nunca causou-me problemas na parte didática, ao questionar o meu método, que fora todo calcado em influências do Rock 1960 / 1970.  

Ao deter uma personalidade expansiva, Garcia gostava de teatralizar situações, ao causar momentos de euforia entre os demais garotos. Logo de início, ele gostava de sair pelas ruas do bairro, a falar através daqueles enormes telefones celulares primitivos, que mal haviam entrado no mercado. 

Claro que chamava a atenção de todos, incluso a minha vizinhança, e isso divertia à todos. Houve uma ocasião também em que a cada semana ele comparecia à minha aula, a usar um chapéu diferente e absolutamente exótico, que havia trazido de países estrangeiros em suas viagens familiares. De mexicano à marroquino, Garcia usou todo o tipo de chapéu imaginável e claro, transformava as minhas aulas em uma balbúrdia, mas de forma positiva, eu posso afirmar, pelo lado da brincadeira que descontraía o ambiente. Ele gostava de vir muitas vezes inteiramente fantasiado, também. 

Vestido como um árabe, por exemplo, chamava a atenção pelas ruas do bairro, ao parecer um cidadão da Arábia Saudita. Ele morava a dois quarteirões de minha residência e raramente atrasava. Apesar desse temperamento brincalhão, era muito correto e nunca causou-me nenhum problema. Logo mais, falo mais sobre Ricardo Garcia, apelidado como : "pijama" entre os outros garotos (e de fato, ele não furtou-se ao apelido, e foi estudar a trajar pijamas, literalmente, certa vez). 

                                       Ricardo "Pijama" Garcia

Continua...

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