segunda-feira, 18 de maio de 2015

Autobiografia na Música - Pitbulls on Crack - Capítulo 73 - Por Luiz Domingues

Antes de iniciarmos com a gravação dos vocais, finalizamos as sessões com a presença de outros convidados que teríamos. Nessa segunda etapa, outro convidado foi, Will Carrara, percussionista de uma banda Pop, de nome curioso : "Homens do Brasil".  

Nós não o conhecíamos anteriormente, mas quando mencionamos que tencionávamos convidar um percussionista para compor alguns arranjos de certas músicas, o pessoal do estúdio Spectrum o indicou de pronto, pois ele era primo de um dos donos do estabelecimento, e desde muito tempo, a sua banda, "Homens do Brasil" estava a gravar um segundo álbum, ali mesmo no Spectrum.

De fato, Will Carrara tocava bem, foi extremamente simpático nas gravações, e competente em suas intervenções. Foram arranjos simples e não marcaram decisivamente, contudo, ornaram bem. Encerrada essa fase com convidados, iniciamos a parte dos vocais com o Chris.

No Pitbulls on Crack, não havia Backing Vocals, portanto, todas as vocalizações eram do Chris, ainda que na gravação ele tivesse usado algumas sobreposições, previamente. O primeiro empecilho criado foi quando ele insistiu em trazer um processador que usava em seu estúdio caseiro. Nele, já tinha um "preset" (para quem não entende esses termos usados em linguagem do áudio profissional, entenda como "um programa de efeitos pré-estabelecido pelo usuário"), pronto a conter parâmetros com os efeitos do reverber e delay (eco), bem exagerados, que Skepis adorava usar na voz, ao fornecer ares fantasmagóricos ao seu vocal.

É claro que o técnico, conservador como ele só, queria gravar "flat" (sem efeito algum e com equalização "achatada", sem nada a interferir no sinal primordial), para depois mexer nos paramétricos na hora da mixagem, mas o Chris insistiu em usá-lo já na captura. Tal desejo de sua parte suscitou uma discussão acirrada e o dono do estúdio foi chamado, com a conversa a girar em meio ao impasse, sem no entanto descambar para uma discussão tensa, pois o Chris sempre levava tudo na base da brincadeira. A começar pelos apelidos que havia dados aos dois (o técnico e um dos proprietário, o Alcir), e mesmo quando eles esboçavam alterar-se, todos em volta riam com a insistência do Chris em chamá-los pelos apelidos.

Luiz, o técnico dessa gravação, mas na insistência do Chris, chamado como : Wagner...

O dono do estúdio, ele apelidou-o como "goiabão", e o técnico, ele chamava como Wagner, a irritá-lo o tempo todo, pois ele chamava-se Luiz, na verdade...

Em retribuição, o dono do estúdio chamava o Chris como "marmota", mas sem o talento e carisma humorístico do Chris, o "marmota" não pegou, simplesmente, para desespero do sujeito. Por fim, aceitaram que ele usasse o processador de voz com aquela pasmaceira toda. Não houve nenhum percalço nas gravações dos vocais, e como de costume, foram sessões recheadas por brincadeiras múltiplas, com vários momentos de pausa forçada para acalmar as epidemias de gargalhadas geradas no ambiente, pois como eu sempre saliento, tocar no Pitbulls on Crack foi uma ótima terapia para desopilar o fígado...



Continua...

Nenhum comentário:

Postar um comentário