quarta-feira, 20 de maio de 2015

Autobiografia na Música - A Chave do Sol - Capítulo 257 - Por Luiz Domingues


Nos quatro primeiros meses de 1986, concentramo-nos na composição de novas músicas, conforme eu já falei anteriormente.
Porém, também foi uma fase para estabelecer contatos, e nesse aspecto, amigos que desejavam auxiliar-nos, e estavam presentes no mainstream, foram muito caridosas conosco. 

Por exemplo, eu cito inicialmente o baterista dos Titãs, Charles Gavin, que mostrava-se muito solidário com colegas que estavam na segunda ou terceira divisão da música profissional, o nosso caso, inclusive. Charles era um velho conhecido do Beto Cruz, pois ainda ao final dos anos setenta, houvera sido baterista de uma banda cover em que o Beto foi componente, chamada "Zona Franca", e cujo baixista, fora o seu irmão, Claudio Cruz. Gavin visitou-nos em nosso ensaio, e deu-nos dicas valiosas sobre o que precisávamos observar ao compor o material que pretendíamos gravar para uma nova demo-tape, além de uma boa explanação sobre os meandros da gravadora WEA. Ele contou-nos várias particularidades sobre como funcionava a mentalidade reinante entre as pessoas que comandavam o departamento artístico daquela gravadora, e também histórias pitorescas (nada impublicável, mas não revelarei nada pois não acho tal procedimento correto, pois são fatos que eu não presenciei, todavia só ouvi dizer, além do fato de que eu não poderia trair a confiança do amigo Gavin, mesmo com essa defasagem de tempo, enorme, entre o ocorrido e este momento em que escrevo as minhas memórias).

O ex-baixista dos Mutantes nos anos 1970, e produtor incensado nos anos oitenta, o competente, Liminha

Gavin prontificou-se a levar a nossa demo-tape em mãos para o Liminha, no Rio, assim que a tivéssemos disponível. Ele, Gavin,  gostava da nossa banda e enxergava uma possibilidade, agora que o nosso som estava mais adequado, em tese, ao padrão Pop, portanto mais condizente à linha de trabalho das gravadoras e mídia, ainda que não fosse exatamente o ideal, pois aos olhos dessas pessoas, éramos "pesados" demais e dessa forma, longe do padrão imposto pela estética do Pós-Punk, a monolítica estética que ditou as normas na década de oitenta. Contudo, com esse amigo a interceder por nós, ficamos muito mais esperançosos em haver ao menos a boa vontade para fazer-se uma audição do material. Sendo assim, intensificamos os nossos esforços para ensaiar e marcar enfim, uma sessão de estúdio para preparar a demo-tape em questão.


Continua...



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