segunda-feira, 29 de dezembro de 2014

Autobiografia na Música - A Chave do Sol - Capítulo 220 - Por Luiz Domingues


Ainda a comentar sobre TV, no dia 30 de agosto, tivemos uma jornada dupla, em programas tipicamente femininos. Logo de manhã, bem cedo, estivemos novamente a lutar contra o sono, nos estúdios da TV Record de São Paulo. O compromisso ocorreu no programa : "A Mulher Dá o Recado".

Apresentado pela simpática atriz, Márcia Maria, era o tradicional programa feminino, a apresentar muitas matérias sobre moda; maquiagem; cuidados com o corpo / estética e cabelos; psicologia no enfoque feminino; culinária & decoração etc. Já havíamos participado desse programa anteriormente, e a entrevista havia sido conturbada, motivada pela falta de conhecimentos musicais da apresentadora, mas sobretudo pelo fato de sua produção não haver proporcionado-lhe subsídios suficientes para conversar conosco, em sua ficha que detinha em mãos. Enfim, entendo perfeitamente que não fora sua culpa, inteiramente. 

Desta feita, tivemos o lançamento do EP para falar, além de shows, e um novo vocalista, Fran Alves, já que na aparição anterior, contamos com Chico Dias na formação oficial da banda. Claro, através de um programa direcionado a um público nada aficionado do Rock, escolhemos a única opção mais palatável, que foi : "Um Minuto Além". A apresentadora, Márcia Maria, fora simpática e solícita, sempre, mas desta vez, cometeu uma gafe, na hora em que entrevistou-me, diretamente. Ao iniciar a sua fala, ela referiu-se à banda, como : "Chave de Ouro"... veja abaixo :

https://www.youtube.com/watch?v=hF84iZ2BVUU

Eis o Link para assistir no You Tube

Bem que eu afirmei no começo da narrativa, que esse nome era inadequado para uma banda de Rock...

Quando iniciamos a dublagem, contudo, notamos um certo frisson da parte dos cinegrafistas, e de outros funcionários da produção. Eles todos pareciam incomodados com a duração da canção. Pois apesar de ser uma balada lenta, tal canção continha uma extensão acima do padrão Pop de músicas radiofônicas. No alto de seus cinco minutos, foi mais um problema que teríamos de uma forma decorrente, doravante, tanto na TV, quanto em emissoras de rádios. No período da tarde, enfrentaríamos outra maratona de TV.

Desta feita na TV Gazeta, participaríamos do "Mulheres em Desfile", outro programa feminino, e posso afirmar, ainda mais tradicional que o que fizéramos na parte da manhã, na TV Record. Apresentado pela dupla, Yone Borges e Claudete Troiano, tinha a típica pauta dos programas femininos, com uma boa audiência, ainda que ante os nossos interesses, seria óbvio que a porção que arrebataríamos seria bem pequena. Fomos muito bem tratados pela produção, sem dúvida, mas apesar disso, a espera para entrarmos em cena, foi longa, e pelo fato do programa ser realizado ao vivo, havia sido sugerido que estivéssemos no estúdio, com uma hora de antecedência, mas estávamos na verdade, escalados para entrar no ar, bem mais tarde. 

Bem, como já disse muitas vezes, neste e em outros capítulos, eu sempre adorei estar em bastidores de TV. O contato com outros artistas, inclusive de outras modalidades, foi sempre estimulante, isso sem contar com os fatos engraçados, os improvisos, ocorrências malucas que acontecem atrás das câmeras etc. E nesse dia, não foi diferente, com a possibilidade em assistirmos uma explicação minuciosa de um ginecologista q discorrer sobre a  menstruação, e um confeiteiro que passou uma receita de bolo de coco, antes de nós sermos chamados a entrar em cena... 

Fomos introduzidos pelas apresentadoras, e fizemos a nossa dublagem. De novo, quando a música ainda estava na sua metade, os cinegrafistas estavam ouriçados. Alguns deles faziam sinais para nós, a cobrar-nos o término da música. Que incautos ! Não sabiam que estávamos a dublar ? Enfim, ficou claro que teríamos mesmo um problema doravante, a ser enfrentado em termos aparições na TV e no Rádio. Por nossa falta de noção do mercado, com maior clareza, não foi somente a questão das músicas do novo disco ser caracterizadas em termos pesados para o padrão popular do mainstream, mas a metragem delas, mostrava-se proibitiva para os padrões desse métier. Veja abaixo :

https://www.youtube.com/watch?v=skTmNw3mK5g

Eis o Link para assistir no You Tube

Enfim, foi bem desagradável para nós, verificarmos essa gente mal educada a sinalizar-nos insistentemente, como algo fora de propósito, no entanto, uma luz vermelha acendeu-se em nossa percepção. Foi mais uma contrariedade que
teríamos dali em diante, por conta de nossas escolhas feitas no fim de 1984...

No dia 4 de setembro, estávamos novamente nos estúdios da TV Gazeta, desta feita para participarmos novamente do "Realce", um programa onde já éramos habitues, e foi sempre engraçado participar, principalmente pelas maluquices perpetradas pelo apresentador, Mister Sam. Desta vez, dublamos : "Segredos e "Ufos", duas músicas muito pesadas do disco, mas sem preocupação com a estética ou tamanho delas, pois ali no "Realce", era um ambiente muito mais propício para uma banda de Rock, e a liberdade que o Mister Sam ofertava-nos, era total. Desta vez, digno de nota, foi que esquecemo-nos em divulgar a nossa caixa postal, e o Sam não fez-se de rogado, quando abriu o terceiro bloco do programa a conceder-nos mais alguns minutos, e na brincadeira, o Rubens o chamou como : "pilantra", dentro do contexto da linha adotada pelo próprio Sam, é evidente, em termos de pilhéria improvisada... assista abaixo :


Eis o link para assistir no You Tube :

https://www.youtube.com/watch?v=w7XMxNrb4_4

Finalmente, voltamos ao "Realce", no dia 29 de setembro de 1985, com a clara intenção em reforçar a divulgação dos shows de lançamento do EP. Veja abaixo :


Eis o link para assistir no You Tube :

https://www.youtube.com/watch?v=n3TBotg0Xwc

Nessa aparição, além de dublarmos uma música pouco divulgada desse disco, no caso, "Ímpeto", há por mencionar-se o fato de que na edição da TV Gazeta, foi acrescentado um efeito psicodélico muito bom durante a execução da música. Ao parecer-se com a ambientação do programa "Beat Club", que causou furor nas décadas de sessenta e setenta, foi obviamente algo anacrônico para os anos oitenta,todavia nem preciso dizer o quanto eu apreciei essa inserção totalmente surpreendente, para dizer o mínimo, na condição de um inveterado fã da estética dessas duas décadas remotas (1960 / 1970).  No vídeo acima, é preciso avisar ao leitor, que infelizmente a cópia original em VHS com a qual o preservamos, apresentava um corte brusco, portanto, quase a metade da música foi suprimida. Paciência...


Falo a seguir sobre programas de rádio, nessa fase de lançamento do EP.

Continua... 

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