domingo, 5 de outubro de 2014

Autobiografia na Música - Sidharta - Capítulo 21 - Por Luiz Domingues

 

Assim que começamos a ensaiar de forma elétrica, em estúdios, com a nova formação a contar com o Marcello, os nossos ensaios ficaram disputados. Como ficara impossível acomodar muitas pessoas dentro do pequeno estúdio que alugávamos em Pinheiros (na Rua Arruda Alvim, bem próximo da estação Clínicas do Metrô), nós organizamos um rodízio de convidados. 

Dali em diante, os ensaios passaram a ter público. Muitos amigos acompanhavam com entusiasmo os nossos passos iniciais, ao constituir-se em testemunhas do nosso processo de criação, e dos nossos progressos. Ao perceber que aquele pequeno estúdio localizado no bairro de Pinheiros, não comportava mais essa visitação, resolvemos ir a um lugar mais espaçoso, e foi então que surgiu a ideia de ensaiarmos no estúdio / residência do Paulo "P.A." Pagni, ex-baterista do RPM, e ex-vocalista do Neanderthal. A sua casa ficava localizada na Vila Mariana, bairro da zona sul de São Paulo, e curiosamente, paralela à rua da residência do Xando Zupo, onde alguns anos depois, o Pedra empreenderia os seus primeiros passos. 

O P.A. tinha transformado a sua casa e estúdio, em um recanto hippie, muito inspirador. O estúdio mais parecia uma caverna, com mil adereços louquíssimos espalhados por todos os lados, como uma decoração. No meio da caótica bagunça, ele parecia aconchegante, e de certa forma condizente com o espírito que queríamos para o Sidharta, sempre a evocar a vibração sessentista. No entanto, os ensaios nessa nova casa do Sidharta, só aconteceriam para valer a partir de agosto, pois no mês de julho, fizemos uma pausa forçada. Os dois garotos, acompanhados de amigos, lotaram dois carros, e viajaram para a Argentina, a enfrentar uma viagem juvenil.

Fiquei chateado com essa resolução deles, pois imaginara que nas férias escolares, dobraríamos os ensaios, todavia, ocorreu o contrário, com o cancelamento total e compulsório. O Zé Luiz mostrou-se mais compreensivo e assim persuadiu-me a não aborrecer-me, ao usar o argumento óbvio de que eles eram garotos e dessa forma, não poderíamos esperar seriedade e foco da parte deles, o tempo todo. Ele tinha razão, pois não custava nada dar-lhes uma pausa, mesmo por que, o trabalho estava a render muito bem. Assim que voltaram, reiniciamos os trabalhos com força total, naquele estúdio todo alternativo do P.A.


Continua... 

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