domingo, 5 de outubro de 2014

Autobiografia na Música - Sidharta - Capítulo 16 - Por Luiz Domingues


Com essa rotina estabelecida em termos de ensaios marcados para  as terças e sextas, entramos em um período maravilhoso de desenvolvimento e companheirismo. Lembro-me desses meses de março a julho de 1998, com muito carinho, por sentir novamente em minha percepção, a velha energia de animação que eu tinha nos tempos do Boca do Céu, e no início d'A Chave do Sol... 

Finalmente estava a montar uma banda de Rock sem concessões, para fazer o som do coração, sem importar-me com os ditames do mercado; mídia; modismos, e qualquer outro fator desalentador. E chegado o momento inevitável de escolher um nome, elaborei uma lista com mais de cinquenta títulos possíveis para batizar o nosso grupo. Todos continham comprometimento com a cultura Rocker das décadas de 1960 e 1970.

Como os outros não tiveram muitas sugestões naquele instante, a minha lista foi usada como a base de escolha. Fiz cópias e deixei para cada um analisar com calma e votar posteriormente. Então, a escolha foi : "Sidharta", um nome que apresentava uma boa sonoridade; era pomposo, e a conter uma conotação esotérica, por ser o nome do príncipe, Sidharta Gautama, cuja história é conhecida e bem bonita (abandonara a sua vida permeada por luxo para buscar o nirvana, o ideal da libertação espiritual, ao tornar-se então, o Budha.

Sem dúvida alguma, um nome forte para resgatar as tradições do Rock sessentista, que tanto aproximou as vertentes esotéricas do oriente, aos Rockers; Hippies & Freaks. E à medida que as músicas foram sendo compostas, todos colaboravam no quesito letras, entretanto, surgiu a ideia em colocarmos em nosso rol de parcerias, a presença de um velho amigo meu e de Zé Luiz, colaborador dos tempos d'A Chave do Sol. 
O poeta, Julio Revoredo, com o compacto d'A Chave do Sol em mãos, em uma ocasião em que acompanhara-nos à sede da Rádio & TV Cultura, em julho de 1984. Foto de seu acervo pessoal. 

Convidamos o poeta, Julio Revoredo para que este fornecesse-nos alguns de seus poemas. Levei os dois garotos para conhecê-lo em sua residência no bairro do Brooklin, zona sul de São Paulo, e lá, ele selecionou algum material para que pudéssemos trabalhar. Desses poemas dele, cheios de erudição, escolhemos : "Nave Ave"; "O Futuro é Já"; e "Terra de Mutantes", de imediato, e mais para frente, trabalhamos mais uma. Agora com o Marcello a revezar-se aos teclados com o Rodrigo, a banda tornara-se sensacional. Zé Luiz estava a mil por hora, entusiasmado com os garotos.


Continua...

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