sexta-feira, 3 de outubro de 2014

Autobiografia na Música - Pitbulls on Crack - Capítulo 28 - Por Luiz Domingues

A movimentação foi essa em torno desse show que fizemos no Teatro Mars. Sobre mais shows dentro dessas características, com o caráter de festa organizada pela gravadora, isso não foi nenhuma praxe da parte da instituição, no entanto. Nos Estados Unidos havia uma tradição desse porte em até haver turnês organizadas pelas gravadoras e com o apoio dos empresários de seus contratados, conjuntamente, para promover os seus artistas, mas isso nunca aconteceu aqui no Brasil, a não ser sazonalmente, como no tempo em que as gravadoras apoiavam os festivais de MPB na TV (décadas de sessenta e setenta), e o caso do programa : "Som Livre Exportação" (no início dos anos setenta), tendo sido esta, uma atração criada pela gravadora Som Livre e com tal intuito, fato raro no Brasil. Fora dessas exceções, gravadora nenhuma tomaria tal atitude nesse sentido, pois não é (era) atribuição delas. Explico : gravadora estabelece contrato para cuidar do produto fonográfico e divulgá-lo na mídia, além de, claro, distribuir em lojas. Claro, estou a falar sobre um esquema que durou décadas, mas hoje em dia na Era pós-Internet, diluiu-se, completamente.

A questão do marketing e vendas de shows, era de atribuição do artista e de seu empresário. Na maioria dos casos, um dos pontos que costumavam ser levados em consideração para contratar-se um artista novo, fora justamente a questão da estrutura do empresário que o artista possuía. Gravadoras queriam artistas com agenda ativa e um empresário dinâmico por trás. Muito artista novo, achava ingenuamente que entrar para o elenco de uma gravadora seria a resolução de todos os seus problemas, mas na realidade, dificilmente a gravadora interessar-se-ia por ele, se este não estivesse com a sua agenda lotada com shows; portfólio volumoso graças a muitas matérias de jornais e revistas importantes; apresentações em programas de TV, e sobretudo, um empresário com estrutura profissional, dinheiro e contatos. Nesse esquema, a Eldorado até que fez muito, pois alavancou uma entrevista de meia página no Jornal da Tarde; apoiou esse show em coprodução com a Rádio 89 FM, e usou espaços publicitários nos jornais mainstream, "Estadão" (O Estado de São Paulo), e Jornal da Tarde, para anunciar o disco.


Mas como tratara-se de uma coletânea, tudo ficou diluído. Um exemplo foi a entrevista agendada para o Jornal da Tarde. Ali, foi um repórter do Jornal, e o fotógrafo para ouvir doze pessoas presentes, a representar as cinco bandas. Ficou disperso. E a sessão de fotos foi hilária. Resolveu-se clicar a inevitável foto coletiva na rua, onde ficava a sede da gravadora e da Rádio Eldorado. Foi coincidentemente, muito perto da minha residência, no tempo em que morei no bairro da Aclimação, na zona sul de São Paulo. Dois anos depois, o Estadão usou a minha foto dessa sessão, recortada, e sob um contexto ridículo, nada a ver com o Pitbulls ! Infelizmente, joguei fora essa reportagem e arrependo-me, pois tratou-se de um documento bizarro e produzido à minha revelia...


Continua... 

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