quinta-feira, 2 de outubro de 2014

Autobiografia na Música - Patrulha do Espaço - Capítulo 73 - Por Luiz Domingues

A próxima meta foi o show que faríamos ao dividir a noite com o Golpe de Estado, em um amplo teatro. Tratou-se do Teatro Dias Gomes, localizado em uma galeria de mesmo nome, na Rua Domingos de Moraes, entre as estações Paraíso e Ana Rosa, do metrô de São Paulo. Ali, por muitos anos, desde a década de sessenta, funcionara a sala de cinema, "Capri", tradicional no bairro da Vila Mariana. 
Soundcheck no Teatro Dias Gomes. O equipamento das duas bandas misturou-se, ao fazer um volume grande no backline de palco. Eu, Luiz Domingues, estou no palco a equalizar o som do baixo no P.A., neste instante da foto.

 Uma foto a aproveitar a presença imponente do órgão Hammond

Sobre tais instalações, há muito tempo haviam deixado de ser de sala de cinema, e estavam há bastante tempo adaptadas para servir ao teatro. Quem costumava arrendar o espaço permanentemente, nessa época, foi a trupe teatral / musical de Osvaldo Montenegro, chamada : "Menestréis", que ensaiava periodicamente ali, e o usava para as suas apresentações. Conversamos portanto com o dono do espaço, que nas raras brechas onde os Menestréis do Montenegro não o usavam, alugava-o geralmente para montagens teatrais, e muito raramente para música. 
No palco, ao iniciar os preparativos da montagem. Da esquerda para a direita, Nicolas, o filho do iluminador, Wagner Molina e que apesar de ter tido apenas cinco anos de idade na ocasião, era auxiliar do pai e sabia mexer na mesa de luz (!); Rolando Castello Junior e Samuel Wagner. Ao fundo, de costas, Wagner Molina, ao conversar comigo, Luiz Domingues, que estou encoberto.

Entretanto, sujeito acessível e solícito, eis que recebeu-nos, e o Rolando Castello Junior o convenceu a realizar um show de Rock sob uma esquema em regime de sociedade. Ele não cobraria aluguel e arriscaria dividir a bilheteria entre as bandas. Além do teatro, ele responsabilizar-se-ia pelo P.A. e iluminação, e as bandas pela divulgação. Ficamos até surpresos com a sua plena aceitação, pois geralmente esse tipo de administrador é arredio com shows musicais e principalmente em relação ao Rock, pois influenciados por preconceitos múltiplos, nutrem diversos temores. Medo de sofrer ações de vandalismo; problemas com usuários de drogas & bebidas; ocorrências policiais; brigas etc.
Da perspectiva dos camarins, uma bela foto do palco montado. Parece foto de "Book Concert" de bandas europeias dos anos setenta...


Mas o sujeito aceitou, e dessa forma, o desafio seria lotar o teatro, ao fazer uma produção rentável e quem sabe assim, ele animar-se-ia a tornar o seu teatro, um polo para o Rock, fator esse como havia em profusão nos anos setenta. O seu nome era Paulo e ele continha uma característica a mais : era um pastor evangélico, dono de uma igreja, e de um estúdio de gravação bem equipado, onde costumava gravar artistas gospel. Em um futuro não muito distante, nós usaríamos esse estúdio de sua propriedade, mas essa história ainda está longe na cronologia, deste ponto do relato. Chegarei lá...

Fechado o acordo, iniciamos os nossos esforços para divulgar ao máximo possível o espetáculo. A divisão fora animadora com o Golpe de Estado, que faria enfim, a estreia oficial de seu novo vocalista, Kiko Müller. A estreia oficiosa fora nas participações que tiveram conosco nos recentes shows que havíamos feito no CCSP, dos quais eu já relatei anteriormente, mas agora, seria de fato, a "volta" da banda perante o seu público, em um belo teatro, portanto, foi a certeza de soma de público ao nosso, e perspectiva de lotação máxima.
Na garagem da residência do Rolando Castello Junior, ele colou o lambe-lambe triplo no azulejo. Marcello Schevano segura um cartaz do show. Colamos seiscentos desses pela cidade de São Paulo, e também em algumas cidades vizinhas, conforme já relatei.
As fotos deste capítulo são do acervo de Rodrigo Hid.

Continua...

Nenhum comentário:

Postar um comentário