quarta-feira, 17 de setembro de 2014

Autobiografia na Música - Patrulha do Espaço - Capítulo 39 - Por Luiz Domingues


As sessões para gravar os violões acústicos; flautas e backing vocals, também foram inspiradoras ao extremo. Foram tardes; noites, e madrugadas quentes de calor de verão, a trabalhar nessa fase, e regado a muita Coca-Cola; pizza, e lanches na padaria que ficava em frente ao estúdio, aliás, esta mostrava-se muito boa...
A percussão da música, "Sr. Barinsky (Admirável Sonhador)", foi concebida para ser totalmente inspirada nas loucuras de estúdio perpetradas pelos Beatles... ou seja, a observar uma boa dose de insanidade lisérgica, mas também a conter uma porção de ingenuidade infantil, ao estilo de um "parquinho de diversão" de antigamente.

Sinceramente, hoje em dia, eu acho que há um certo exagero no arranjo dessa percussão, todavia. O Rolando Castello Junior alertou-nos sobre tal abuso do elemento lúdico, na hora da gravação, mas nós (eu, Luiz Domingues; Rodrigo Hid e Marcello Schevano), insistimos, ao considerar bonito naquele instante, e assim ficou no disco. Hoje, acho que o Junior teve razão, e eu teria suprimido aquilo...

As sessões de mixagem foram a moda antiga, pois estávamos a gravar de forma analógica e dessa forma, as mixagens ficaram sujeitas a horas e horas mediante correções manuais, e na hora de fechar-se a edição final de cada faixa, houve o caso de músicas que  requereu a presença de quatro ou cinco pessoas a ajudar, para dar conta, humanamente a falar, da operação de "pilotagem" com tantos botões a ser manipulados simultaneamente.

Por ser baterista, Paulo Zinner era conhecido por ser um perfeccionista nesse quesito, e assim, praticamente pilotou todas as viradas do Júnior, em todas as músicas. Claro, isso foi um exercício de paciência, pois tratara-se de quinze faixas (somente a instrumental ao violão solo,"Epílogo", não conteve bateria). O Daniel "Lanchinho" acabou a envolver-se, mesmo não sendo contratado oficialmente pelo estúdio na ocasião. Como ele era ex-técnico do Camerati, e praticamente fora o professor do Zoroastro "Zôro" Barany, conhecia bem o estúdio, e o seu equipamento. Portanto foi uma pessoa que culminou em somar.
                  Zoroastro "Zôro" Barany na pilotagem do Camerati

Por termos delegado a tarefa da produção ao Paulo Zinner, deixamos, literalmente, que Paulo; "Zôro", e "Lanchinho", trabalhassem a vontade na mixagem do álbum.

Então, foram dias e dias de presença ociosa no estúdio. Ficávamos a andar pelas dependências do estúdio, muitas vezes sentados nos bancos do jardim de inverno, etc. Só éramos chamados à técnica para ouvir o resultado final de cada faixa, e aí, fazíamos as nossas observações, e em caso de desagrado, expúnhamos as nossas reivindicações de mudanças.

Como esse processo era / é sempre delicado, e muitas bandas costumam brigam e dissolver-se no momento de mixar um álbum, o Júnior teve essa ideia em chamar o Paulo Zinner, e outorgou-lhe o papel de produtor, com a sua decisão final a mostrar-se a definitiva, mesmo que houvesse discordâncias. A despeito do Camerati estar sob um processo de dissolução, através de um equipamento ultrapassado, e sem muita manutenção, acredito que o resultado foi de razoável para bom.

Digo isso, sem medo de errar, pois acredito que as músicas e os músicos eram muito bons (perdão pela falta de modéstia ao incluir-me nesse rol), e pelo material humano, e artístico envolvido, creio que merecíamos algo muito melhor. 


Outro ponto : o grosso desse material, foi composto com uma carga emocional tão grande, e tão bem intencionada em seus propósitos artísticos, que eu realmente estou convicto que merecia ter tido um resultado de áudio melhor, na mixagem e masterização.

Continua... 

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