segunda-feira, 29 de setembro de 2014

Autobiografia na Música - Patrulha do Espaço - Capítulo 61 - Por Luiz Domingues


Com as vendas do CD's, e as resenhas a ser publicadas na mídia impressa tradicional, precisávamos engatar uma boa sequência de shows. Não esteve fácil arregimentar espaços para tocar naquela fase.Vivia-se uma época diferente no show business brasileiro, onde as casas de médio porte que existiam em razoável profusão nas décadas de oitenta e noventa, haviam desaparecido, ou mudado drasticamente o seu perfil.

Sendo assim, tornara-se rara a oportunidade para ocupar um palco onde a banda poderia  apresentar-se com condições ideais de som e luz para mostrar o seu trabalho, na plenitude de sua criação artística. Então, abraçamos a ideia em adaptarmo-nos a essa realidade, e assim fomos a tocar onde fosse possível. Já relatei algumas circunstâncias inusitadas nesse sentido, e a próxima etapa a ser relatada é outra dessas histórias.

Finalmente havíamos marcado uma apresentação em uma casa noturna de São Bernardo do Campo, cidade do ABC paulista, e digo finalmente, porque foram diversas reuniões para poder marcar-se essa data. Tratava-se de uma casa nada glamorosa e nem bem localizada o era. O lado bom, foi que os seus donos não portavam-se como arrogantes (ao contrário de outros lugares onde fomos tocar anteriormente), pelo contrário, eram pessoas razoáveis.
O que acontecia ali, no entanto, foi a sintomática desconfiança deles em torno de um show versado pela música autoral, viciados que eram em atrações baseadas em bandas cover. 

Finalmente resolveram arriscar, e assim marcamos a data para o final de setembro de 2000. O engraçado nessa história, foi o tom prosaico de um dos sócios da casa. Completamente desacostumado a lidar com uma produção de show de um artista autoral, queria usar métodos estapafúrdios de divulgação, para provocar até risos em suas colocações. Em uma dessas reuniões, chegou a dizer que convocaria todos os músicos das bandas cover que conhecia, para que cada um distribuísse filipetas em um ponto de São Bernardo do Campo.

A grosso modo, pareceu-nos uma estratégia de militância política. Pois mesmo que conseguisse esse apoio sincero e gratuito, de onde tiraria dinheiro para pagar a gráfica que confeccionaria esse material ? E segundo, qual a garantia de eficácia dessa estratégia na prática, na bilheteria ?  O sujeito falava de maneira empolgada e tinha uma prosódia semelhante a um palestrante da Amway... mas daí a dar certo...
                                        Vernon Presley
                                       Lloyd Bridges

E para piorar as coisas, ele mostrava-se como um sósia do Vernon Presley, pai do Elvis Presley, e quando falava, não conseguíamos parar de pensar na semelhança, e como aquela situação era engraçada. Eu também o achava parecido com o veterano ator, Lloyd Bridges, conhecido no Brasil como : "O Homem Submarino", graças ao seriado de TV, "Sea Hunt", que protagonizou nos anos cinquenta e sessenta. O Rodrigo Hid, que herdou de seu pai o dom da imitação, imediatamente compôs o personagem, e entre nós, isso rendeu muita risada. É claro que deu tudo errado e as ações de divulgação ficaram por nossa conta. O mutirão de filipetadores não saiu da imaginação do sujeito, é lógico.
Continua... 
   

Nenhum comentário:

Postar um comentário