sexta-feira, 23 de maio de 2014

Autobiografia na Música - Patrulha do Espaço - Capítulo 12 - Por Luiz Domingues


Apesar de toda essa confiança na banda e no projeto, não tínhamos infraestrutura alguma. Sem empresário; sem dinheiro, sem produtor para correr atrás das oportunidades. Como nos meses de abril e maio, o Júnior ainda focava em seus esforços, em prol da sua festa de comemoração de seus trinta anos de bateria, os esforços Pró-Patrulha estiveram em segundo plano.

Seguíamos a ensaiar e nesse sentido foi bom, pois tiramos um repertório enorme da Patrulha do Espaço, com músicas de todos os discos. E paralelamente, ensaiávamos as novas que eram do Sidharta, e passariam agora a ser o novo material da Patrulha. Nesse quesito, o Júnior foi o elemento certo para essas músicas concebidas propositalmente para soar tão 1960 / 1970, como sonhávamos. De fato, logo nos primeiros ensaios, ele imprimiu toda a sua técnica, experiência, e apreço pela (contra) cultura que amávamos. 

Uma música como "Ser", por exemplo, passou a soar exatamente como desejávamos, ou seja, com o estilo do Grand Funk. Os ensaios então começaram a acontecer no estúdio Alquimia, na Aclimação, zona sul de São Paulo. Estávamos a tocar diversas músicas da Patrulha do Espaço, inclusive as contidas nos dois primeiros discos, coisa que a banda não fazia desde que Arnaldo Baptista saíra da formação, pois nunca mais houve outra formação com os teclados inseridos de uma forma fixa. Se houve a inserção dos teclado depois da presença do Arnaldo, foi como mero apoio ocasional, graças à um convidado ou outro, e de forma esporádica. 

Assim que começamos a ensaiar, ainda que o foco fosse para a tal festa, já havíamos incorporado músicas como : "Sexy Sua"; "Sunshine"; e "Raio de Sol", do primeiro disco, com o Marcello a pilotar o piano com desenvoltura. É claro que o Júnior apreciara esse resgate para a banda. Na estratégia dele em não demonstrar emoções, deixava escapar aqui e ali, a sua felicidade por ver que não seria uma simples volta, mas sim uma volta em grande estilo, a resgatar as sementes primordiais da banda, plantadas pelo Arnaldo.

E as músicas novas estavam a encaixar-se perfeitamente, também.
Portanto não tratava-se de uma volta nostálgica, sob um caráter meramente "caça-níqueis", mas sim, uma volta para valer, com material fresco, e dois jovens talentos para tirar o fôlego de qualquer plateia. A essa altura dos primeiros ensaios, o Júnior trouxe a sua nova namorada para trabalhar como produtora da banda, chamada, Claudia Fernanda. Ela não tinha vivência com música, mas tinha experiência como produtora de eventos no ramo das artes plásticas, como exposições e vernissages. Portanto, tinha proximidade com a arte. 

Os primeiros ensaios foram animados, cheios de gente a assistir-nos. Meu exército formado por "Neo-Hippies", apoiou em massa a fusão do Sidharta com a Patrulha do Espaço, e foi público certo nos primeiros shows. Lembro-me até de reações engraçadas nos ensaios, como palmas e gritinhos, em passagens mais elaboradas. Um ex-aluno meu, chegou a provocar risadas quando em um determinado breque brusco de uma música, foi flagrado a gritar euforicamente, e considere o leitor, que tratara-se de um aluno da minha primeira safra de 1987, ou seja, nessa altura, em 1999, já havia passado dos trinta...


Continua... 

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