segunda-feira, 17 de março de 2014

Autobiografia na Música - A Chave do Sol - Capítulo 86 - Por Luiz Domingues


Em 25 de setembro de 1983, comemoramos um ano de existência oficial. De fato, começamos em julho de 1982, mas adotamos a data de 25 de setembro , como oficial, por conta do primeiro show realizado. Mas como estávamos envolvidos com a nova participação no programa, "A Fábrica do Som", naqueles dias, não tivemos como preparar uma comemoração como sonháramos. Então, marcamos para o dia 8 de outubro de 1983, uma festa / show entre amigos e agregados, mas aberta a estranhos também. O local foi o sitio de propriedade do irmão do Zé Luiz, em Juquitiba / SP, distante cerca de 60 Km de São Paulo, às margens da Rodovia Régis Bittencourt, BR 116, que faz a ligação entre São Paulo e Porto Alegre. Nesse dia, cerca de cinquenta pessoas compareceram e além do nosso show, tivemos a abertura da "Archibald's Band", banda de nosso amigo e fotógrafo, Carlos Muniz Ventura, que era o seu baixista.
Carlos Muniz Ventura, o popular, "Carlão", nosso amigo e fotógrafo, em foto bem mais atual

No caso deles, tocaram um repertório recheado por covers setentistas do Rock internacional, bem interessantes. Na formação da banda, além do Carlão no baixo, houve a presença do muito jovem, Iran Bressan, à guitarra, irmão de um amigo do Rubens chamado, Celso Bressan, vulgo : "esponja". Os demais membros, não recordo-me de seus nomes, sinceramente. E além disso, os poetas, Julio Revoredo e Edgard Puccinelli Filho declamaram poemas de suas respectivas autorias, além de participação do aspirante a cantor, Wagner "Sabbath", e a presença de uma figura estranhíssima, autodenominado, Marcos "Styx" (seria por causa da banda norteamericana, homônima ?). Esse sujeito apareceu como um penetra na festa, sendo que não faço nem ideia de quem o tenha levado, mas certamente que não foi nosso convidado. Ele mostrava-se como uma figura recorrente em meio ao público, nas gravações do programa "A Fábrica do Som", portanto não era um estranho totalmente, contudo, foi inusitada a sua presença, pois não o conhecíamos, de fato. E no calor da festa, ele precipitou-se a subir no palco improvisado e a declamar os seus poemas. Por ter visto o poeta, Julio Revoredo, talvez tenha empolgado-se, mas o teor de suas criações poéticas em comparação ao trabalho do Julio Revoredo, bem... prefiro nem comentar.

E um fator engraçado aconteceu com esse sujeito. Em um determinado momento, ao interpelar-me fez o gênero, "sincero", e disse-me que estava surpreendido em constatar que eu era "legal", pois ao assistir-me a atuar no palco do Sesc Pompeia, havia julgado-me como a um "babaca" ! Adorei a franqueza, ao dizer-lhe que iria anotar a sua opinião.

Tocamos por último, naturalmente, com liberdade para tocar muito alto e o set que quiséssemos, varamos a madrugada a tocar, a esgotar todas as nossas músicas autorais possíveis; algumas brincadeiras com covers, e muitos improvisos em forma de jam. Muita gente exagerou nos aditivos e capotou, literalmente. Fez um frio significativo na madrugada, apesar de estarmos na primavera, e os casais que formaram-se no momento pós-paquera, que foi inevitável, foram arrumar lugares para namorar, até amanhecer.

Pela manhã, foi uma autêntica profusão de pessoas com ressaca e o grande acontecimento foi um filhote de cobra que apareceu fortuitamente na varanda, e um bando de incautos, que eu nem sabia quem seriam, tratou de embriagar o pobre bicho, ao jogar-lhe goela abaixo, uma quantidade razoável de aguardente. O animal estrebuchou em coma alcoólica, infelizmente. E assim foi a festa show de aniversário da banda, com direito a bolo e velinha, e com cerca de cinquenta pessoas presentes. O próximo passo foi participar da finalíssima do Festival Fico, a ser realizado no Ginásio do Ibirapuera.

Continua... 

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