domingo, 15 de dezembro de 2013

Autobiografia na Música - Terra no Asfalto - Capítulo 56 - Por Luiz Domingues


Nos dias 1°; 8 e 15 de maio de 1982, fizemos mais três apresentações no Café Teatro Deixa Falar, com público fraco nos três dias (vinte e cinco; vinte; e vinte e cinco pessoas, respectivamente). Foram de fato as três últimas apresentações do Terra no Asfalto em uma casa noturna, seu objetivo principal por ofício, desde que fora fundada em dezembro de 1979. Dali em diante, aconteceriam apenas mais quatro apresentações em ambiente escolar, conforme o Paulo Eugênio queria direcionar-nos, doravante. E com essa perspectiva um tanto quanto nebulosa, e por ter como base realista a decadência no circuito de bares, novamente, aconteceu uma última reformulação na formação. Wilson Canalonga Jr., um dos membros mais assíduos, e oriundo da primeiríssima formação de 1979, debandou definitivamente, e o mesmo ocorreu com o Cido Trindade, outro egresso de 1979, mas bem menos regular, com várias idas e vindas. Dessa forma, para cumprir essas datas agendadas em colégios, foram recrutados dois músicos. O primeiro era conhecido, Geraldo "Gereba", outro egresso de 1979, e com várias idas e vindas, também. O segundo, foi um baterista chamado : Maurício "Pardal", conhecido do Aru Junior, e do Sérgio Henriques. 

Empreendemos alguns ensaios na residência / estúdio do Maurício, um rapaz brincalhão e com bom astral. Tratava-se de um casarão nas Perdizes, zona oeste de São Paulo, e ele possuía uma estrutura muito boa, com bastante equipamento, e vedação praticamente profissional, por considerar-se ser um estúdio caseiro. O repertório seria o montante que tocávamos normalmente pela noite, acrescido de uma ou outra novidade de última hora.

O primeiro compromisso ocorreu em um colégio chamado : "Magno", que ficava localizado na Chácara Flora, bairro da zona sul de São Paulo. Tratou-se de um bom cachet fixo, e o formato da apresentação, seguira o padrão que fizéramos na Cultura Inglesa em 1980. O pretexto seria o dos alunos poder acompanhar as músicas, com as letras em mãos, para aprimorar o inglês. Dessa maneira, fizemos duas apresentações no mesmo dia, no pátio desse colégio.

Na primeira sessão, foi bizarro tocarmos Led Zeppelin às 8:00 horas da manhã ! Chegamos ao colégio por volta das 6:00 horas para os primeiros preparativos. Foi estranho montar o equipamento no pátio da escola, nesse horário insalubre, e sob o frio já acentuado de maio.

E pior ainda ocorreu quando as classes foram liberadas, e os professores e monitores organizaram as crianças para assistir-nos. Sentadas no chão, gritavam excitadas com a situação, claro... já esperávamos pela euforia, mas não que seria com uma audiência formada por crianças na faixa etária em torno de dez a dose anos, no máximo ! Estávamos a tocar para crianças, e apesar dos constrangimentos, foi até divertido por um certo aspecto. Na segunda sessão, após longa e entediante espera, tocamos por volta do meio-dia para outra turma, quando observou-se a presença de crianças um pouco mais velhas e adolescentes. Tratou-se de meninos e meninas entre 12 e 14 anos de idade, pelo que lembro-me. Na primeira sessão, foi perante quatrocentas crianças, e na segunda, trezentas e cinquenta, segundo a contagem dos professores. Cumprimos essa etapa, e na semana seguinte, fomos tocar em outro colégio, nos mesmos moldes.
Continua...
 

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