segunda-feira, 30 de dezembro de 2013

Autobiografia na Música - A Chave do Sol - Capítulo 38 - Por Luiz Domingues


4) Ainda a falar sobre os bastidores, lembro-me de uma específica noite, quando tivemos a sorte de tocar para animar uma festa organizada pela Rede Globo, que comemorava o encerramento de uma mini série, chamada: "Bandidos da Falange", que abordava o submundo do crime no Rio de Janeiro etc. e tal. 

Toda a equipe técnica, diretores e muitos atores esbaldaram-se ao som d'A Chave do Sol. Lembro-me de algumas personalidades tais como a Betty Faria, Roberto Bonfim, Gracindo Júnior, e Júlia Lemmertz, entre outros, a dançar enquanto tocávamos.

 
 
 

Eis acima, os atores e atrizes que eu citei no texto: Roberto Bonfim, Betty Faria, Julia Lemmertz e Gracindo Junior
 
Informações sobre a mini série "Bandidos da Falange":
http://pt.wikipedia.org/wiki/Bandidos_da_Falange

E também foram notórios os shows com artistas famosos que ocorreram ali. Naquela época, todo o pessoal do mundo do BR-Rock 80's que estava a explodir na mídia, apresentou-se ali com multidões a assisti-los, e muita badalação. Os shows com artistas grandes do mainstream, aconteciam às sextas e sábados. 

Nunca fomos assistir nenhum, mesmo por que, não nos interessávamos por aquela turma oitentista, com menção honrosa ao Barão Vermelho e ao Herva Doce, que não foram frutos oriundos da árvore punk, e mantinham as suas raízes no Rock e no Blues. 

E que fique bem claro, nessa primeira safra de artistas, o BR-Rock 80's fora predominantemente carioca (com exceção do Paralamas do Sucesso, mas estes estavam radicados no Rio, também). Paulistas e brasilienses começaram a ter espaço após 1984. 

E neste caso do Victoria Pub, nós tivemos um contato discreto com uma banda dessas, por mero acaso. Ocorreu em uma sexta-feira onde havíamos passado ali só para apanhar o nosso equipamento, que não fora possível remover na madrugada anterior, quando tocamos. 

Foi em uma tarde quente de sexta-feira, em que ali estávamos na porta do estabelecimento que vimos dois carros com placas do Rio de Janeiro, abarrotados com equipamentos e com elementos cabeludos em seu interior a chegar. 

Tratou-se da comitiva do grupo de Rock, Herva Doce, a aportar na Alameda Lorena em São Paulo. Foi engraçado ver os rapazes em uma situação não glamorosa, esbaforidos pelo efeito desgastante da viagem e a descarregarem o carro, eles mesmos, sem apoio da parte de roadies. Lembro de um dos carros ter sido uma "Belina" da Ford, anos setenta, abarrotada com coisas.

O guitarrista, Marcelo Sussekind, perguntou-nos a hora certa. Engraçado o destino, pois alguns anos depois, o Rubens em sua fase pós-Chave do Sol, e pós-Patrulha do Espaço, chegou a gravar um LP com uma banda que prometera estourar. Esse disco foi gravado no Rio de Janeiro, com toda a mordomia de gravadora major, e o Marcelo Sussekind seria o seu produtor... só a complementar, essa banda chamar-se-ia: "Yankee" e não lograria êxito por conta da morte trágica e repentina de seu vocalista, uma grande pena.

Particularmente eu tinha um respeito grande pelos músicos do Herva Doce, por conta da sua árvore genealógica boa. Seus membros foram oriundos do "The Bubbles" e por consequência direta, d'A Bolha, além de ramificações com Os Mutantes, Veludo Elétrico etc. Não eram da turminha do "Do It Yourself", pelo contrário, tinham história e estrada.

Continua... 

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