segunda-feira, 23 de setembro de 2013

Autobiografia na Música - Língua de Trapo - Capítulo 48 - Por Luiz Domingues


Então tocávamos um Rock. A ideia seria fazer um Rock simples, no estilo dos Rolling Stones, sem firulas e de certa forma, atemporal, sem querer firmar a piada em cima da caricatura musical em si. Chamava-se : "Crocodilo" e tratou-se de uma composição do Laert Sarrumor. O objetivo foi satirizar os exploradores da fauna e da flora, portanto tinha um certo caráter ecológico, mas a real intenção subliminar, foi alfinetar políticos ruralistas conservadores, invariavelmente contrários à reforma agrária e geralmente envolvidos com uma série de crimes ambientais. Independente do tema e da piada, eu apreciava muito tocar essa canção, pois era um momento em que mais aproximava-me do Rock, embora esse não fosse o objetivo do trabalho do Língua de Trapo. O Laert a cantava e fazia uma performance a la Mick Jagger e o público apreciava e entrava no embalo. Se por um lado era um momento com forte interação musical, por outro, essa pequena euforia, tirava o foco da letra, e o seu objetivo que era fazer rir, porém a refletir-se sobre o tema. Conforme comentarei mais para a frente, essa música foi ao ar no programa, "A Fábrica do Som", em 1984, e trata-se de um dos poucos vídeos que existem no You Tube, com a minha presença na banda.

"Crocodilo"(Laert Sarrumor)

Sou do Centro-oeste, tenho muito estilo
Carango importado, bolsa crocodilo
Sou o novo rico de Goiás
Já garanti meu dia de amanhã
Comprei fazenda em Ponta Porã
Eu tiro o couro, arranco a pele, extermino, assino e dou fé

Todo mundo sabe, já deu no jornal
No Globo Repórter deu especial "Matança no Pantanal"
Mas todos tem é que cruzar os braços
Pois para o dólar, não há embaraços
Eu tiro o couro, arranco a pele, extermino e dou fé
Eu mato jacaré, eu mato jacaré...
Continua... 

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