segunda-feira, 1 de abril de 2013

Os Negociantes - Por Marcelino Rodriguez

Lá vinha o menino com suas bananadas. Gosto das bananadas e costumo comprar sempre a dez centavos.

Chamei-o, pondo minhas bolsas do mercado no chão.

Me dá duas aí, falei puxando uma moeda de vinte e cinco centavos.
_ Só dá pra uma moço, é vinte.
-- Pô, que isso, to acostumado comprar a dez, falei decepcionado, já pensando comigo que tinha topado com mais um mercenário.
-Não, moço aumentou, agora é vinte.
Não me fiz de rogado, gosto sempre, assim como os judeus, de fazer bons negócios (aliás, tem um amigo meu astrólogo que jura de pés juntos que sou judeu por causa do Rodriguez ).

Ele é tão entusiasmado com a ideia que quase me sinto judeu. Meu ego sempre cabe uma religião ou ideia a mais.
--Garoto, então faz o seguinte, disse, pegando mais cinco centavos. Me dá duas por, 30 certo?
-- Ah, ai já melhora.
-- Pô. Você é ruim de negócio hein? Falei meio enviezado pra ele. - Tá bom, toma ai.
De repente o neguinho (que não venha nenhum espírito de porco me acusar de racismo), se abre num sorriso e me dá 3 bananadas.
-Gostou dessa? - Disse ele, se despedindo.
Nunca vou esquecer desse sorriso. Um dos mais bonitos que já ganhei. Acho que fiz um excelente negócio.

Direitos Reservados - Café Brasil - 2ª edição
 
 
Marcelino Rodriguez é colunista esporádico do Blog Luiz Domingues 2. Escritor consagrado, com vasta obra publicada e elogiada, aqui nos oferece um pequeno conto, extraído das páginas de seu livro "Café Brasil", que já está em sua segunda edição. 

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