Quando iniciou-se a segunda metade de 1980, ele ficou realmente mal e foi internado.
Foi então que o Cido Trindade me convidou a entrar na banda, que agora não acompanharia mais a cantora Eliete Negreiros, e tinha outros planos, seguindo em frente para realizar um trabalho próprio, e totalmente instrumental.
Foi o meu primeiro contato com músicos não orientados pelo Rock, como base de influência, e foi difícil lidar com seus preconceitos tolos.

Eram ótimos músicos, sem dúvida alguma, e tinham um nível musical muito maior que o meu, evidentemente.
Além disso, sua orientação e formação era muito diferente da minha, embora eu curtisse muitas coisas que eles gostavam também.
A cabeça dos seus componentes era bem em cima do Jazz em diversas vertentes, sobretudo o fusion, e música brasileira instrumental, com raiz na Bossa Nova, ou em folclore nordestino, sobretudo.
Eram temas intrincados; cheios de convenções; pontes; mudanças de ritmo e fórmulas de compasso; polimelodias; contraponto, e divisões rítmicas muito variadas.
Creio que foi, a grosso modo, o período em que mais toquei músicas em fórmulas de compasso alternativas, quase não usando o clássico 4/4.
Os elementos gostavam de 5/4, 6/8, 7/4 e havia até música dividida em 11/8, que dava um certo "nó na cabeça", para não errar.
Mas, maravilha !
Eu estava curtindo tocar naquela sofisticação harmônica e rítmica, pois cresci demais como músico, tocando num nível mais alto do que estava acostumado.
O pessoal era gente boa, a grosso modo, mas havia um pouco de altivez, coisa típica de quem se embrenha nesse campo de música mais sofisticada, e passa a se sentir "superior" à outros músicos que trabalham formas mais simples de estrutura musical.
E se existe uma coisa que não suporto, é arrogância... está certo que nunca me desrespeitaram frontalmente, mas percebia nas entrelinhas que estavam comigo por falta de opção melhor, pois eu era "rockeiro" demais na sua concepção...
Continua...
Nenhum comentário:
Postar um comentário