quarta-feira, 27 de março de 2013

Autobiografia na Música - Língua de Trapo - Capítulo 21 - Por Luiz Domingues

Para não prejudicar A Chave do Sol, nesse período inicial de ensaios com o Língua de Trapo, eu saía mais ou menos às 18:00 horas do ensaio realizado na casa do percussionista, Fernando Marconi, e o Zé Luiz Dinola esperava-me nas imediações, para dar-me carona, no seu "Corcel II"... chegávamos às 19:00 horas. mais ou menos na casa do Rubens, e ensaiávamos até às 22:00 horas. Claro, esse foi o meu primeiro baque, pois a carga horária com a Chave diminuíra, e os colegas mal disfarçavam o seu descontentamento com esse novo estado de coisas. Mas o que eu poderia fazer ? E à medida que decorava as músicas do novo show do Língua de Trapo, percebia que não seriam só as músicas a ser preparadas. Precisava, na verdade, adaptar-me, e rápido, às diversas marcações de tempo, do show.
Nesta altura, o Língua de Trapo possuía uma dinâmica de show sincronizada. Havia diversas trocas de figurinos, intervenções com piadas gravadas em áudio; intervenções de vídeo com filmagens em Super 8; intervenções com locução ao vivo; intervenções do ator, Paulo Elias... enfim, era tudo milimetricamente sincronizado, para estabelecer um tempo de teatro, ao show. No início, sem possuir nenhuma técnica teatral, achei que não conseguiria adaptar-me com todos esses detalhes, mas pelo contrário, não só decorei, como em pouco tempo, estaria até a improvisar. Mas não quero atropelar, contarei na hora certa.


Por ora, a intercalar-se aos ensaios, lembro-me de uma sessão de fotos realizada no cemitério São Paulo, em Pinheiros, e diversas visitas a uma costureira no bairro da Vila Olímpia, que prestava serviço para a banda, desde a turnê iniciada com o primeiro LP. Havia dois kits com figurino básica do show, e adereços que mudavam no decorrer do espetáculo. O primeiro Kit, do começo do Show, era ridículo ! Tratava-se de um terno com calça verde; camisa amarela, gravata azul, e paletó verde. Nem preciso dizer que entrávamos vestidos como bandeira do Brasil, não é ?

Ha ha ha... sentia-me o "Brasilino" (um personagem de história em quadrinhos que representava o garoto propaganda de uma famosa fábrica de móveis residenciais populares, chamada "Fábrica de Móveis Brasil") ...
Quando as luzes acendiam-se, e o público via-nos com essa roupa ridícula, já riam antes da primeira nota a ser tocada. Lembro-me em ter ido algumas vezes à essa costureira, para tirar medidas, e fazer ajustes.



Continua... 

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