quarta-feira, 23 de janeiro de 2013

Autobiografia na Música - Boca do Céu - Capítulo 40 - Por Luiz Domingues

Desclassificados, mas animados com a oportunidade em participarmos de um festival de maior porte, aguardávamos então com muita expectativa a exibição das eliminatórias do FICO, na TV Bandeirantes. Isso aconteceu duas semanas depois. De fato, foi a primeira vez em que aparecemos na TV. Primeira e última, é bem verdade, pois o Boca do Céu nunca teve grandes oportunidades, e posso afirmar sem pudor algum e / ou demérito aos colegas dessa jornada, que foi melhor assim, porque a banda era realmente muito iniciante.
Após essas participações no Fico, ainda ficaríamos um bom tempo a procurar novas oportunidades em festivais, e shows de pequeno porte em apresentações colegiais. Mas o ano estava por acabar, e a perspectiva seria mesmo para o ano de 1978. Claro que estávamos a evoluir musicalmente, mas como não éramos punks, a nossa mentalidade era centrada em tocar um milhão de vezes mais do que tocávamos em nossa realidade, ali naquele instante. Talvez se tivéssemos empolgado-nos com a "revolução pusilânime", seríamos mais felizes, a usarmos a nossa ruindade musical como trunfo... mas calma ! Estou só a brincar... cartesianamente, ainda acho que luxo é luxo e lixo é lixo. Não compactuo com aquela inversão de valores, superestimada...
Vimos então a nossa exibição pela TV, e mesmo inebriados pelo glamour em vermo-nos na tela, tivemos o senso crítico para analisar nossos erros. Em "Diva", estávamos visivelmente nervosos com a reação selvagem da plateia, e em "O Mundo de Hoje", o som da mixagem da TV estava muito ruim. Além do mais, a música não era mesmo adequada para um festival.
Mesmo animados, enfrentamos problemas nos dois últimos meses de 1977. O Wilton Rentero passava por uma fase difícil por sofrer pressões familiares e teve que arrumar um emprego convencional, onde inevitavelmente, precisou aparar o cabelo etc e tal. Osvaldo Vicino estava por começar a afastar-se sutilmente, ao denotar interessar-se em motivações extra / Rock, que só perceberíamos claramente no ano de 1978, e o Fran Sérpico, que era mesmo o menos interessado desde o começo, também preferia desmarcar ensaios, entretido em seus estudos ou em prol de compromissos sociais. Em suma, paradoxalmente à animação Pós-FICO, tínhamos uma perspectiva estranha a pairar no ar...

Continua...

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