domingo, 30 de dezembro de 2012

Autobiografia na Música - Trabalhos Avulsos (Zuraio) - Capítulo 19 - Por Luiz Domingues

E o Zuraio não parava de falar, mas naturalmente a usar sua imitação da voz das cantoras, e emendar às vezes, vozes masculinas, por exemplo, a do Chacrinha a anunciar a "próxima atração". E devo admitir, ele não deixava o seu número entrar no vácuo, nem enquanto vestia-se, pois não parava, como se estivesse sob uma incorporação mediúnica.
Mesmo sendo uma apresentação grotesca para o tipo de evento em que estávamos, e mais aproximada do humor popularesco, ele realmente imitava bem as cantoras, devo admitir, a mudar bastante a sua voz, e assim trazer registros vocais semelhantes aos delas, o que tornava a sua performance engraçada. 

Nos bastidores, víamos as modelos, garotas realmente muito bonitas. E várias pessoas famosas a circular, e aproveitar o cocktail.
Fomos instruídos a ficarmos expostos o menos possível, para não causar constrangimentos ao convidados. Mesmo porque os homens usavam Black Tie, e as mulheres, jovens ou não, estavam trajadas como para uma festa.
Lembro-me em verificar, ali a circular os atores, John Herbert; Mário Benvenutti e Nicolle Puzzi; a jornalista Marília Gabriela, e o empresário da noite, e dono da boite, "Gallery", José Victor Oliva.
 

No convívio fora do seu espetáculo, o Zuraio mostrava-se engraçado, igualmente. Na verdade, ele era um humorista em potencial, e por conta desse potencial, anos depois, eu o vi a participar do elenco de programas humorísticos da TV, como, "A Praça é Nossa", e correlatos desse gênero de humor popularesco. Uma vez nesses bastidores do atelier de modas em que estávamos a realizar seu show, contou-nos que nos anos setenta, fazia shows de transformismo no Rio de Janeiro (ele era mineiro, mas morou muito tempo no Rio), e que ele e outros travestis saíam da boite, e iam para o Maracanã, direto, sem tirar maquiagem e perucas, para assistir os jogos do Flamengo...
  Continua...

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