segunda-feira, 24 de dezembro de 2012

Autobiografia na Música - Trabalhos Avulsos (Zuraio) - Capítulo 18 - Por Luiz Domingues



Então foi assim que funcionou : o desfile começava, havia um intervalo. Depois fazíamos o show, e o desfile prosseguia a seguir.
Foi realizado no espaço / atelier de uma confecção chamada : "Chavon Modas", localizada na Av. Gabriel Monteiro da Silva, no elegante bairro dos Jardins, em São Paulo. Evidentemente que o público presente foi formado por socialites e aspirantes a.

O Zuraio usava a passarela como seu palco, por onde movimentava-se, e a banda ficava alojada em um fosso, bem no meio da passarela, onde durante os desfiles, os fotógrafos trabalhavam. Adorei isso, pois ficar escondido ali, foi a melhor solução que poderia acontecer para os músicos, por motivos óbvios.
Mas mesmo assim, o Zuraio inventou de nós sermos apresentados individualmente, a obrigar-nos nas apresentações, a andar pela passarela. E na base da palhaçada, ele improvisava a proferir uma série de piadas descabidas, que poucos achavam graça, pois ele era popularesco demais para o ambiente fino daquele atelier. Lembro-me que ele apresentava o Lizoel como : "Hermeto Paschoal"; o baterista, sinceramente esqueci-me qual personagem ele inventou para designá-lo, e eu, por estar com cabelos pela cintura naquela época, ele chamava como, "Alceu Valença"...

O bom dessa palhaçada era que acabava logo, e corríamos para o fosso. Não houve ensaios. O Lizoel forneceu-me anotações com a harmonia das músicas, e fomos assim, bem mal preparados e sinceramente, não faria diferença, pois o que importava ali eram as imitações do Zuraio.
E assim, ele imitava, Elis Regina; Gal Costa; Maria Bethânia; Alcione; Clementina de Jesus; Zizi Possi etc. As músicas não eram tocadas inteiras, mas sim no formato de um pout-pourri (pequenos trechos de várias músicas emendadas), de cada cantora. Enquanto ele trocava de figurino e peruca, fazíamos um som improvisado, proposto pelo Lizoel, que já acompanhava o Zuraio desde 1978 ou 1979, não sei ao certo. O baterista, era um sujeito evangélico, que tocava em uma banda gospel, na sua igreja. Chamava-se, Jeribal, e não sei o que passava-se em sua cabeça por estar ali, mas certamente precisava muito do dinheiro. E o Zuraio não parava de falar entre as músicas...


Continua...

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