quarta-feira, 10 de outubro de 2012

Autobiografia na Música - Trabalhos Avulsos - Capítulo 9 (Tato Fischer) - Por Luiz Domingues

Sim, já havia um clima de insatisfação da banda em relação ao resultado financeiro pífio, alcançado nas duas semanas, em teatros paulistanos. Mas estávamos acertados com o Tato, verbalmente e não o deixaríamos sem nosso suporte para os três shows do interior. Todavia, havia a perspectiva em termos um cachet bom e garantido, em pelo menos um dos três shows marcados no interior.
E como já disse também, esse trio não tinha perspectivas fora desse trabalho do Tato. Só no dia da reunião final com ele, é que o Sergio Henriques comunicou-nos o convite para que uníssemo-nos ao trio formado por Paulo Eugênio Lima; Geraldo "Gereba" e Wilson Canalonga Jr, onde formaríamos o embrião do "Terra no Asfalto". E é bom lembrar que nessa época, eu estava comprometido paralelamente com o proto-Língua de Trapo e o Sérgio já tinha contatos adiantados para unir-se à Cesar Camargo Mariano, na banda de apoio para a cantora superb, Elis Regina. No fundo ele sabia que aqueles meses eram de espera e portanto, seguia a tocar resignadamente com o Tato e posteriormente com o "Terra no Asfalto". Partimos então para os três shows no interior. Seriam dois shows na cidade de Penápolis e um em Araçatuba.

Penápolis era a cidade natal do Tato e sua família tinha prestígio, ali. Não sei ao certo, mas parece que seu pai houvera sido prefeito e várias vezes vereador naquela simpática cidade interiorana.

Portanto, o show vendido seria no Clube Atlético Penapolense (no ano de 2011, venceu a 3ª divisão do campeonato paulista de futebol, e disputou a 2ª divisão estadual em 2012, e assim subiu para a primeira divisão em 2013) . Chegamos na cidade um dia antes, e assim pudemos descansar da longa viagem (distante cerca de 480 km de São Paulo). O primeiro show no entanto, foi no Teatro Municipal dessa cidade, no dia 23 de novembro de 1979.

O Teatro Municipal de Penápolis funcionava em um casarão antigo, adaptado como espaço cultural. Com um palco bem apertado, a performance do Tato ficou prejudicada, pois toda a sua movimentação ficou restrita. Mesmo assim, o show foi bom e a lotação foi total, com 350 pessoas presentes. O equipamento usado foi cedido por uma banda de bailes local. Achávamos que seria um fiasco aquela noite, pois minutos antes do show começar, caiu uma chuva torrencial. Porém, mesmo com a tempestade, o povo veio em peso e a renda, enfim, redundou em um cachet significativo.

No dia seguinte, teríamos o show no CAP. Esse show, sim, tinha cachet fixo, cobria toda a viagem e rendia um bom dinheiro para cada um. Portanto, a féria boa da noite anterior fora um bônus. A sede social do clube era bem grande e sobre um palco imenso, usamos todo o equipamento da banda de bailes. Lembro do Sérgio a esbaldar-se quando tocou em um piano elétrico, Fender Rhodes 88; além de um órgão Farfisa; Arp-Strings, e sintetizador Mini-Moog. Foi uma noite de Rick Wakeman para ele...

O show foi frio, muito diferente da plateia calorosa do show realizado na noite anterior, no teatro. O Tato disse-nos que já esperava a frieza, pois tratava-se da burguesia de cidade, e eles costumavam ser blasé com qualquer show de artistas de pequeno e médio porte.
Continua...

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