sexta-feira, 14 de setembro de 2012

Autobiografia na Música - Trabalhos Avulsos - Capítulo 5 (Tato Fischer) - Por Luiz Domingues

E a continuar a narrar sobre os shows no Teatro Martins Pena, o ápice do exagero do Tato, em nossa opinião entre os membros da banda, dava-se na entrada do segundo ato. Enquanto ficávamos no palco a tocar nosso tema instrumental de inspiração Prog Rock, nesse intervalo, ele ia ao camarim para produzir-se, a promover uma mudança do visual para a primeira música do segundo ato do show. Então, quando acabávamos o nosso tema, o Cido Trindade dava início a uma chamada na caixa da bateria, para produzir uma batida típica de frevo. Essa era a deixa para começarmos a tocar e sob um ritmo carnavalesco, eis que o Tato irrompia por uma armação de papelão que simulava uma porta, a rasgar, literalmente, o papelão, e dessa forma, entrar a cantar, vestido com o figurino padrão de Carmem Miranda...
O Sérgio Henriques e a Celina, sua esposa, chegaram a falar delicadamente para ele modificar essa entrada, pois tirava a seriedade do show, visto que as pessoas achavam graça, nem tanto da fantasia e dos trejeitos, mas da entrada por uma armação de ripas de madeira, muito pouco glamorosa, digamos assim. Uma coisa seria ele rasgar um cenário gigantesco, para entrar triunfalmente em um teatro na Broadway, mas outra, foi aquela portinha cênica pequena e mal produzida. Todavia, teimoso e diretor de seu próprio show, não deu ouvidos aos dois, e continuou aquilo todo dia, a provocar reações de deboche por parte do público. Infelizmente, pois detalhes assim depunham contra o seu espetáculo que era musicalmente, bom. Se ao menos tivesse uma produção mais abonada, onde pudesse ter efeitos cênicos melhor produzidos, seria diferente, mas nesse circunstância, sem recursos, teria sido melhor apenas cantar, interpretar e fazer sua mise-en-scène, visto que era / é ótimo cantor e intérprete.
E no show do sábado, ele recebeu a visita de amigos do teatro. Finalmente alguém conhecido seu, do meio teatral, fora prestigiá-lo. Em conversa interna, ele contou-nos que estava chateado com muitos amigos que haviam prometido apoiar o espetáculo, mas simplesmente não haviam aparecido. Hoje em dia eu o entendo perfeitamente nesse aspecto, pois é realmente duro constatar que na hora crucial, os amigos somem, a contrastar com o fato de que tendem a aborrecer-te em épocas onde você está sem perspectivas, a cobrar por shows, mas quando os convidamos enfim para um espetáculo que vamos realizar, eles simplesmente não aparecem. Indo além, com as redes sociais da atualidade, é muito comum ver pessoas a lamentar o fato de ter perdido o show do "último sábado", sendo que estavam amplamente avisadas, e invariavelmente a fazer parte daquele grupo, que há meses cobrava-lhe uma apresentação...

Continua...

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