sábado, 22 de setembro de 2012

Autobiografia na Música - Boca do Céu - Capítulo 17 - Por Luiz Domingues

A energia era total nessa época, e foi assim com determinação e obstinação por anos a fio. Sempre esforcei-me para manter intacta essa energia nutrida nessa época, pois fora a minha força motriz. 
Meus pais não tinham a dimensão da importância que eu dava à essa meta nessa época, por isso não tinha conflitos. Como não era rebelde e não cometia nenhuma estripulia juvenil, eles achavam que esse negócio de banda e visual de hippie, era uma fase, e que nos estertores da conclusão do curso colegial, e época de vestibular, tudo passaria. O clima esquentou no entanto com meu pai, só entre 1979 / 1980. Em 1977 e 1978, as pressões eram mínimas, e tive paz de espírito para desenvolver-me ao instrumento e sonhar com o sucesso do Boca do Céu, apesar de que, ao examinar hoje em dia, a banda só evoluiria para valer, se os cinco membros fossem cem por cento fechados nesse objetivo. Existem exemplos assim na História do Rock. 
Mas o Boca do Céu não tinha essa característica, a começar pelo baterista, Fran Sérpico, que não alimentava o mesmo objetivo, Infelizmente. Dessa peneira, só eu e o Laert persistimos mais incisivamente e o Osvaldo de uma maneira mais branda. Wilton Rentero, soube pelo Laert (em maio de 2011), tornou-se professor. Osvaldo toca em bandas cover até hoje, mas como hobby, pois trabalha em uma indústria farmacêutica, e Fran Sérpico tornou-se um executivo (nota : retomei contato direto com Fran Sérpico em 2012, através da rede social, Facebook, onde aliás, ele disponibilizou duas fotos raras do Boca do Céu, e fez uma bonita homenagem pública, a citar-me e ao Laert com muito carinho, ao dizer que tornamo-nos músicos profissionais de fato e seguimos carreira). 
Minha certeza era absoluta e irreversível. O mesmo vale para o Laert. A diferença entre nós é que ele nasceu artista, com um talento absurdo, e eu lutei contra a minha inabilidade para tal. Não quero dizer com isso que o Laert não lutasse, muito pelo contrário, sua determinação era ferrenha. Só realço que no meu caso, precisei lutar também contra a minha inaptidão. Só tornei-me músico porque tive muita força de vontade, visto que tinha talento "zero" para a música. Se eu tivesse passado por um teste vocacional à época, certamente seria desestimulado a tentar a carreira artística.
Continua...

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